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O Banco Central do Brasil decidiu não oferecer indicações futuras sobre a trajetória da taxa Selic, diante das incertezas no cenário econômico. No entanto, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (24), reafirma o firme compromisso da instituição com a meta de inflação.
De acordo com o documento, os membros do Copom concordaram de forma unânime sobre a possibilidade de iniciar um novo ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic, “gradualmente”. Na reunião anterior, realizada em 18 de setembro, a Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual, atingindo 10,75% ao ano, após uma série de cortes. Essa foi a primeira elevação em dois anos, motivada pela necessidade de uma “política monetária mais contracionista”, que visa restringir a oferta de crédito.
Os diretores do Banco Central apontaram pressões no mercado de trabalho, um hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas como as razões para a mudança na política monetária. “Todos os membros do Comitê concordaram em iniciar gradualmente o ciclo de aperto da política monetária”, indicou a ata.
Quanto à frequência das próximas elevações, o documento não garante um aumento na reunião agendada para novembro, mas também não o descarta. O Copom enfatizou a importância de monitorar os dados em um contexto de incertezas tanto externas quanto internas, permitindo que os mecanismos de transmissão da política monetária comecem a agir para que a inflação se converja à meta.
A meta de inflação estabelecida para o Brasil é de 3% para este ano e os próximos, embora as expectativas do mercado continuem acima desse alvo, um fator que preocupa toda a diretoria do Banco Central. “A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê”, afirma a ata. A reancoragem das expectativas é vista como essencial para garantir a convergência da inflação à meta com o menor impacto possível sobre a atividade econômica.
A ata também destacou que o cenário de inflação tornou-se mais desafiador, com um aumento nas projeções de médio prazo, mesmo considerando uma trajetória de juros mais alta. Além disso, o Banco Central observou uma deterioração na composição da inflação, apesar do número agregado não ter apresentado grandes desvios em relação ao esperado, apontando uma interrupção no processo desinflacionário recentemente.
A volatilidade da taxa de câmbio foi citada como um reflexo das mudanças no cenário interno e externo. O Banco Central enfatizou que, embora não haja uma relação mecânica entre a taxa de câmbio e a definição dos juros básicos, um ambiente global incerto e movimentos cambiais abruptos demandam maior cautela na condução da política monetária doméstica.