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A droga experimental Donanemab, da farmacêutica americana Eli Lilly, retardou a progressão do Alzheimer em 60% para pacientes nos estágios iniciais da doença. Os dados dos testes do medicamento foram apresentados nesta segunda-feira (17).
Para esses pacientes, o remédio da Eli Lilly retardou o declínio cognitivo em quase o dobro da taxa relatada pela farmacêutica americana em maio para o grupo de tratamento geral do estudo.
A análise da Eli Lilly mostrou que os resultados foram menos robustos para pacientes mais velhos, em estágio avançado, bem como para aqueles com níveis mais altos de uma proteína que tem sido associada à progressão do Alzheimer.
As descobertas apontam que “a detecção e o diagnóstico precoces podem realmente mudar a trajetória dessa doença”, disse a presidente de neurociência da Eli Lilly, Anne White.
O estudo da empresa mostrou que o inchaço cerebral, efeito colateral conhecido de drogas como a Donanemab, ocorreu em mais de 40% dos pacientes com predisposição genética para desenvolver a doença de Alzheimer.
A Eli Lilly havia relatado anteriormente que 24% do grupo geral de tratamento com donanemab apresentava inchaço cerebral.
Hemorragia cerebral ocorreu em 31% do grupo donanemab e cerca de 14% do grupo placebo, de acordo com a empresa.
As mortes de três pacientes do estudo estavam ligadas ao tratamento, segundo os pesquisadores.
“Esses efeitos colaterais não devem ser menosprezados, mas a maioria dos casos foi controlada por monitoramento com ressonância magnética (MRI) ou interrupção do medicamento”, disse a investigadora do estudo, Dra. Liana Apostolova, que é professora de pesquisa da doença de Alzheimer na Escola de Medicina da Universidade de Indiana.
De acordo com ela, os médicos provavelmente usarão “uma triagem de segurança de ressonância magnética muito rigorosa enquanto tratamos esses pacientes”.
Donanemab é um anticorpo intravenoso projetado para remover depósitos de uma proteína chamada beta-amiloide do cérebro de pacientes com Alzheimer.
A Eli Lilly disse que o efeito do tratamento com Donanemab continuou a aumentar em relação ao placebo ao longo do teste de 18 meses, mesmo para os participantes com Alzheimer que foram retirados do medicamento depois que seus níveis de depósitos amiloides caíram significativamente.
“No final do estudo, o paciente médio estava sem medicamento por sete meses e ainda assim continuou a se beneficiar”, disse a presidente de neurociência da Eli Lilly.
Segundo Anne White, as descobertas apoiam a ideia de que o Donanemab pode ser interrompido assim que o amiloide for eliminado do cérebro.
A empresa americana disse em maio que o estudo atingiu todos os seus objetivos, mostrando que o Donanemab retardou o declínio cognitivo em 29% em comparação com um placebo em 1.182 pessoas com comprometimento cognitivo leve ou demência leve cujos cérebros tinham depósitos de duas proteínas-chave do Alzheimer, beta-amiloide e a proteína TAU.
Para pacientes com tau alta, o donanemab mostrou retardar a progressão do Alzheimer em cerca de 17%, enquanto o benefício foi de 35% para aqueles com níveis de tau baixos a intermediários.
Os resultados completos do estudo foram apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã e publicados no JAMA (Journal of the American Medical Association).
“Se os danos dessas drogas são equilibrados por seus modestos benefícios clínicos, em última análise, serão necessários mais dados”, disse um editorial do JAMA junto com o estudo.
A Lilly espera que a Food and Drug Administration dos EUA decida até o final deste ano se aprova o Donanemab.
A farmacêutica disse que as submissões a outros reguladores globais estão em andamento e a maioria será concluída até o final do ano.