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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Gestão das Universidades Públicas, instalada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), escolheu hoje (24) o presidente e o vice-presidente. Para a presidência, foi eleito o deputado Wellington Moura (PRB), por unanimidade. Ele é vice-líder do governo João Doria e foi quem propôs a CPI. Na vice-presidência, foi escolhida a deputada Carla Morando (PSDB), com uma abstenção.
O objetivo da CPI é investigar “irregularidades na gestão das universidades públicas no estado, como repasse de verbas públicas”, segundo o requerimento de criação. Em entrevistas, no entanto, o deputado mencionou que um dos objetivos da CPI seria averiguar um possível aparelhamento ideológico nas universidades.
Antes do início da reunião, a deputada Isa Penna (PSOL), que não integra a CPI, questionou Moura sobre os reais objetivos da comissão. “Essa CPI tem um vício de origem. O objeto da justificativa se trata do repasse de verbas públicas. Mas, publicamente, diversos membros da CPI mencionaram a investigação de um suposto aparelhamento ideológico”, disse.
Em resposta, Moura afirmou que ao mencionar a questão do aparelhamento ideológico apenas deu sua opinião. “Estamos aqui para investigar o que é gasto com o recurso que o estado oferece, mais de R$ 9 bilhões. A investigação de aparelhamento ideológico, não está [nessa CPI]. Isso [o aparelhamento] foi uma pergunta que o repórter fez e eu respondi o que penso. Vamos investigar onde está sendo gasto o dinheiro público. Se estiver bem gasto, não há o que temer. Quem não deve não teme”, disse.
Ontem (23), a deputada Beth Sahão (PT) entrou com um mandado de segurança na Justiça paulista para evitar a instalação da CPI. Para ela, não há requisitos suficientes para a abertura da CPI. O pedido ainda não foi analisado pelo Tribunal de Justiça. Hoje durante a reunião, a deputada explicou que o pedido não é para suspender a CPI. “Entrei na Justiça não para abortar essa CPI, mas porque juridicamente entendemos que o objeto dessa CPI é vago”, disse, ao defender a “suspensão liminar da CPI para que o objeto seja definido”.
Manifestação
A reunião da CPI foi acompanhada por movimentos estudantis no plenário Tiradentes. Eles seguravam placas com mensagens em defesa da universidade pública. O presidente da CPI disse que se os estudantes continuassem a gritar, a próxima reunião da CPI seria fechada ao público.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Faculdade de Tecnologia (Fatec) e diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE), Bianca Aragão, disse que há o temor de que a CPI afete a autonomia das universidades.
“A gente defende essa autonomia para que as universidades possam evoluir e ter liberdade de cátedra”, disse.
Representante do Fórum das Seis, que congrega as três universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp) e presidente da Adunesp, João da Costa Chaves Junior, também criticou a criação do colegiado. “A nossa grande preocupação é que a CPI possa servir como instrumento para aumentar ainda mais a fermentação das fake news contra as universidades públicas do Brasil, que tem uma produção científica significativa”, afirmou.