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Enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares estão sendo coagidos a aplicar a dose da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em pessoas que não fazem parte do grupo prioritário contra a Covid-19.
As denúncias foram feitas ao Conselho Regional de Enfermagem do Estado do Rio, nas últimas 24 horas após o início da vacinação no estado. Os relatos foram realizados por representantes do conselho em 46 dos 92 municípios fluminenses, incluindo a capital.
Nesta sexta-feira (22), a presidente do Coren, Lilian Behring, se reúne com o secretário estadual de saúde, Carlos Alberto Chaves, para apresentar formalmente as denúncias.
Em entrevista à CNN Brasil, Behring relatou que autoridades públicas, incluindo políticos, e integrantes das equipes médicas de algumas unidades de saúde estão furando a fila da vacinação para serem imunizados. Eles estariam usando do cargo para coagir os profissionais da atenção básica, principalmente dos auxiliares e técnicos de enfermagem, que são os responsáveis pela aplicação das doses. Alguns auxiliares relatam ter recebido propostas para vender as próprias doses e aplicar em pessoas que não estão no grupo prioritário da vacinação.
Enfermeiros e técnicos que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 dos hospitais municipais Miguel Couto, na zona Sul e Ronaldo Gazolla, na zona Norte, também relatam que estão sendo preteridos a receber a primeira dose da vacina no lugar de outros profissionais, contrariando a determinação do Plano Nacional de Imunização.
Nesta quinta-feira (21), a presidente do Coren se reuniu com o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz para pedir que sejam tomadas providências. De acordo com Lilian Behring, o secretário garantiu que vai apurar todas as denúncias e punir quem praticou desvio de conduta. Se ficar constatado que o profissional ou autoridade pública furou a fila, ele não receberá a segunda dose do imunizante. O que poderia comprometer a eficácia da vacina.
O Coren orienta também os profissionais de enfermagem a acionar a força policial caso seja necessário. A presidente ressalta ainda que há como identificar aqueles que tomaram a vacina sem autorização, através das listagens dos grupos prioritários de cada unidade de saúde. A enfermagem compõe 63,8% dos trabalhadores do setor da saúde no estado do Rio, cerca de 263 mil profissionais.
De acordo com o planejamento da Secretaria municipal de saúde, a fase atual de vacinação contemplará 34% dos profissionais de saúde.
A prefeitura afirmou que, dentro desse recorte, serão vacinados todos os profissionais que estão na linha de frente de combate contra o Covid-19, os trabalhadores de grupos de risco, que agora poderão retomar ao trabalho, e aqueles que estão atuando na campanha de vacinação, o que significa quase a totalidade das equipes de Atenção Primária. Isso corresponde a 159.523 profissionais da saúde.