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ROMA, 23 ABR (ANSA) – Mais de 100 pessoas morreram em uma nova tragédia no Mar Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais do planeta.
A estimativa é da ONG SOS Méditerranée, que havia recebido na última quinta-feira (22) alertas do serviço Alarm Phone a respeito de dois barcos em dificuldade: um com cerca de 40 pessoas e outro com mais de 100 indivíduos a bordo.
“Não encontramos nenhum traço do primeiro e só podemos esperar que ele tenha voltado para terra firme ou chegado a seu destino em segurança”, diz o relato de Alessandro, membro da equipe de busca e resgate do navio Ocean Viking, publicado nesta sexta (23) pela SOS Méditerranée.
Já o segundo barco foi encontrado de cabeça para baixo e rodeado por uma dezena de corpos. No entanto, como o mar estava muito agitado, a equipe do Ocean Viking não conseguiu se aproximar para remover os cadáveres das vítimas.
“Nós tentamos chegar ao segundo [barco] através de uma tempestade e de uma noite com ondas de até seis metros. Lá fora, em algum lugar nessas mesmas ondas, um bote transportando 120 pessoas. Ou 100, ou 130. Nunca vamos saber porque elas estão todas mortas”, acrescenta Alessandro em seu relato.
“Retomamos as buscas ao amanhecer, ao lado de três navios mercantis, sem coordenação ou ajuda de nenhum Estado. Se um avião tivesse caído na mesma área, as marinhas de metade da Europa estariam aqui, mas eram apenas migrantes no cemitério do Mediterrâneo”, diz o voluntário do Ocean Viking.
Um terceiro barco, com cerca de 120 pessoas, ainda foi levado de volta à Líbia carregando a bordo os corpos de uma mãe e do seu filho. As três embarcações haviam zarpado da costa do país africano, que fica a poucas centenas de quilômetros do sul da Itália e de Malta.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 8.670 pessoas atravessaram a rota do Mediterrâneo Central em 2021, quase o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado (4.666).
No entanto, 357 migrantes morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia, crescimento de 140% em relação a 2020, sendo que o pico das viagens costuma acontecer em julho e agosto, no verão do Hemisfério Norte, quando as condições do mar são melhores. (ANSA).