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Em 14 de março, caminhoneiros espanhóis decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em protesto contra a alta no preço dos combustíveis, impulsionada pelo conflito na Ucrânia.
E eles não são os únicos. Motoristas de outros países europeus, como França e Alemanha, também vem realizando manifestações contra o valor do diesel.
A guerra exacerbou a crise energética na Europa. O continente tem forte dependência do petróleo e do gás natural da Rússia.
Com 1 mês de conflitos, o petróleo teve picos de preço, chegando a US$ 127,98 em 8 de março. Na quinta-feira (24), o barril era comercializado a US$ 119,03. Com isso, o litro do diesel ficou mais caro na região.
A greve espanhola foi convocada em 14 de março pela Plataforma de Defesa do Setor do Transporte Rodoviário Nacional e Internacional de Mercadorias, que representa pequenas e médias empresas de transporte.
Liderado pelo esquerdista Pedro Sánchez, o governo espanhol classificou os manifestantes como membros da “direita radical espanhola”. A Plataforma negou, disse ser apartidária e lutar pelo interesse dos caminhoneiros.
Na terça-feira (22), três sindicatos se juntaram à paralisação. Eles rejeitaram um pacote de ajuda do governo de € 500 milhões que, segundo a ministra dos Transportes, Raquel Sanchez, iria “introduzir um subsídio no preço do diesel profissional”.
Para a categoria, o plano era vago e insuficiente para compensar o aumento do preço do diesel.
Além da redução do preço dos combustíveis, a Plataforma pede a proibição de contratação de serviços de transporte abaixo de custos operacionais.
“Por causa da nossa greve voluntária, já existe um efeito de paralisia que não deixará ao ministro outra escolha senão sentar-se conosco”, lê-se em comunicado.
Depois de mais de 12 horas de reunião, o governo fechou, na madrugada desta sexta-feira (25), acordo com a Comissão Nacional dos Transportes Rodoviários. O Executivo comprometeu-se a subsidiar € 0,20 por litro de diesel até 30 de junho.
A Plataforma, no entanto, disse que não revogará a greve e demonstrou insatisfação por não ter participado das negociações.
Em publicação no Facebook, a organização escreveu ser “irreal que [o governo] continue se sentado com aqueles que já em dezembro afirmavam ter resolvido [os problemas] do setor” e que agora “estão se intrometendo, com a aprovação da administração, para tentar silenciar a voz da rua”.
A organização convocou manifestação em Madri nesta sexta. “Depois de 12 dias, não vamos jogar a toalha”, declarou a Plataforma.
Caminhoneiros protestaram contra a alta dos combustíveis no sábado (19) em Hamburgo, norte da Alemanha.
De acordo com o BGL, fórum que auxilia empresas de transporte rodoviário e logística do país, associações do setor avaliam novas manifestações.
O presidente do fórum, Dirk Engelhardt, disse ao site eurotransport.de que muitas empresas não suportam mais o preço dos combustíveis e estão com “água até o pescoço”. “Peço aos políticos que ajam. Se os políticos não agirem, nós apenas demonstraremos” a insatisfação da categoria.
Na segunda-feira (21), caminhoneiros da França realizaram bloqueios na Normandia e na região do Canal da Mancha. Eles consideram a ajuda governamental “insuficiente”.
Na Itália, motoristas de caminhão e proprietários e tripulações de barcos de pesca fizeram protestos de 1 dia, em 14 de março, contra os altos custos do combustível. Eles bloquearam o acesso ao porto de Cagliari, uma das principais portas de entrada de mercadorias na ilha da Sardenha.
No mesmo dia, 200 empresários do setor do transporte de mercadorias de Portugal paralisaram 20% de suas frotas em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis.
O país enfrenta consequências da greve espanhola. À TSF, o presidente do SIMM (Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias), Anacleto Rodrigues, disse na última semana que motoristas estão sendo forçados a parar antes de atravessas a fronteira.
“As instruções que tenho por parte da empresa é para não pôr em causa a minha segurança, nem do veículo e da mercadoria. Por isso, se me mandam parar, é para parar”, falou.
De acordo com o jornal El País, os efeitos da paralisação na Espanha já são sentidos em supermercados do país. Há falta de produtos como leite, frutas e perecíveis. Responsáveis por distribuição dos locais ouvidos pela publicação disseram não haver desabastecimento generalizado. No entanto, eles alertaram que a situação pode mudar caso a greve se prolongue.
A Danone e a cervejaria Heineken disseram na 3ª feira que podem ser obrigadas a reduzir a produção por falta de matéria-prima.