O indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecido junto com o jornalista inglês Dom Phillips durante uma viagem pelo rio Ituí, vinha recebendo várias ameaças por parte de pescadores que praticam de maneira ilegal a retirada diária de toneladas de peixe pirarucu e tracajás, espécie de cágado muito cobiçado nos rios da Amazônia.
“Sei que quem é contra nós é o Beto Índio e Bruno da Funai, quem manda os índios irem para área prender nossos motores e tomar nosso peixe. Só vou avisar dessa vez, que se continuar desse jeito, vai ser pior para vocês. Melhor se aprontarem. Tá avisado”, afirma trecho da carta divulgada pelo jornal O Globo.
Veja o bilhete:
Bruno Araújo Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai e com imenso conhecedor da região, onde foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. É também membro do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi) e muito respeitado pelos indígenas.
O indigenista e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. O governo federal montou um força-tarefa para busca dos desaparecidos com Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF), a Marinha e o Exército .
Na segunda-feira, líderes indígenas locais avisaram sobre o desaparecimento da dupla durante uma missão de reportagem na rede de rios ao redor da cidade de Atalaia do Norte, ponto de entrada na reserva Javari.