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Em entrevista ao Estadão, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou ter recebido R$ 50 milhões do “Orçamento Secreto”, emendas de relator, por ter apoiado a candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
No áudio em que revela a situação, ele diz que teria recebido o mesmo valor destinado a lideranças políticas, mesmo sem ser uma, apenas pela “gratidão” do atual presidente do Congresso Nacional.
Porém, Do Val concedeu uma entrevista à Jovem Pan nesta sexta-feira (08) para comentar o assunto.
De acordo com ele, a reportagem é uma “narrativa maldosa”, contra a qual ele diz que vai entrar na Justiça.
“Eu, conversando com o repórter de forma muito sincera, coloquei para ele [o funcionamento do orçamento secreto] e ele colocou essa narrativa, dando a entender como se eu tivesse embolsando R$ 50 milhões. É lógico que hoje eu estou entrando na justiça e vou reparar esse erro de maldade criado por ele”, disse Do Val na entrevista.
O senador do Podemos voltou a afirmar, assim como no áudio divulgado na reportagem em questão, que Pacheco jamais o ofereceu nada em troca de seu apoio, mas disse também que, na época da candidatura à Presidência do Senado, outros parlamentares chegaram a fazê-lo.
Além disso, Do Val reforça que o recurso de R$ 50 milhões do orçamento secreto que recebeu não foi para o seu bolso, mas para aplicações em obras no Espírito Santo (ES), todas documentadas, segundo ele, no Ministério Público.
“Não vou mentir que teve vários outros candidatos à presidência do Senado que propuseram várias outras coisas, já me propuseram a Comissão de Relações Exteriores, que é a comissão que eu gosto e tem a ver com a minha personalidade, prometeram mundos e fundos, e o Pacheco, como eu disse, [não prometeu] absolutamente nada [em troca de apoio] (…) Se você é aliado você tem, se você não é aliado, você não tem. E quem é penalizada é a sociedade”, comentou.
Sobre a possibilidade do ocorrido ser um padrão no Congresso, parlamentares que apoiam o governo receberem mais recursos que os que não apoiam, Do Val citou um caso de um senador da oposição, mas não entrou em detalhes e não citou nomes e nem valores.
“Aqui no meu Estado, depois que foi o obrigatório, o STF pedir para tornar transparente quem recebeu [recursos do orçamento secreto], eu soube que a oposição, um senador que é de oposição, recebeu muito mais do que. Eu poderia reclamar, mas não, veio para o meu Estado, veio para ajudar os capixabas. Mas ele recebeu mais. Qual o critério para ele receber mais? Não sei”, disse Do Val.
Apesar de, no áudio da reportagem do Estadão, o senador dizer que a informação sobre os R$ 50 milhões está sendo passada “em on”, sem problema de divulgação, na entrevista à Jovem Pan News, ele diz que a revelação ocorreu em “uma conversa informal” com um jornalista.
“Foi exatamente durante uma conversa até informal com um repórter que eu já tinha tido outros contatos. Eu estava fazendo as malas, e a gente conversando. Eu até brinquei, falei que era o tempo que eu tinha para desabafar, porque não tem tempo nem de ir para uma terapia. Mas [o áudio] foi usado com muita maldade. Primeiro, esse recurso que chegou não foi em troca de apoio ao Rodrigo Pacheco de forma alguma. Esse recurso chegou para o Estado [do Espírito Santo]. Muita gente, praticamente 99% das pessoas entendem que esse recurso veio para mim, para o meu uso, como caixa dois, como corrupção ou algo do tipo e, absolutamente, não tem nada a ver isso. Importante deixar isso muito claro. [O dinheiro] Veio como indicação, mas não só para mim”, afirmou o senador.
Marcos Do Val ainda falou sobre uma situação em que Pacheco teria oferecido a ele o comando da Comissão de Transparência do Senado, como forma de gratidão pelo apoio à sua candidatura, para que Do Val pudesse ter destaque em seu mandato.
“O Rodrigo Pacheco, ele muito coerente, fez alguns critérios [para repasse] de senadores que teriam mais trabalho, por serem lideranças ou presidentes de comissões e tudo mais. E a outra parte que eu falei com o repórter, que de forma muito maldosa fez a construção dessa narrativa dele, foi que eu disse que, como não houve troca nenhuma (…). Eu o apoiei [Pacheco] porque eu gosto dele, acho uma pessoa fantástica, equilibrada, um grande jurista, democrata, enfim. Quando acabou a eleição para o Senado, todo mundo foi ocupando as cadeiras de comissões, e ele chegou para mim e falou: ‘Do Val, tem a comissão de transparência, fica com essa comissão’. Ele estava se sentindo incomodado de eu não estar em lugar nenhum, mas eu também não tinha pedido para estar em lugar nenhum (…) Foi só a maneira que o Rodrigo Pacheco achou que tivesse, como gratidão, me botar em alguma posição, para que eu pudesse ter desta que no meu mandato”.
E continuou sobre a repercussão da reportagem do Estadão com seu áudio sobre os R$ 50 milhões do “orçamento secreto”:
“Misturou esses dois assuntos e a sociedade, infelizmente, que, claro, sempre criminaliza os políticos, e como tem gente que não presta dentro da imprensa, ele [o repórter] fez essa narrativa e pronto. Todo mundo teve aquele entendimento de que foi R$ 50 milhões para o bolso do senador Marcos Do Val (…) Eu desafio qualquer um que tenha a possibilidade de receber R$ 50 milhões para indicar para o seu Estado em plena pandemia [da Covid-19], gente morrendo, quem se recusaria a dar indicação sobre esse recurso? Ninguém. Não é possível. Eu só quero deixar claro que essa emenda é uma emenda de relator, foi para o Senado para ser dividida entre os senadores, para que eles indicassem para seus municípios, não era, de forma alguma, para ir para o bolso de ninguém. Tanto é que eu sempre comuniquei o Ministério Público, está tudo documentado na época, os valores, para qual município e projeto o dinheiro foi. Tanto é que, quando o STF pediu mais transparência para o Congresso, eu fui o único parlamentar que já tinha tido essa transparência”, pontuou Do Val.