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A Polícia Nacional Civil de El Salvador anunciou nesta sexta-feira (31) a captura de um grupo de ex-combatentes de guerra que planejava uma série de ataques no país neste sábado, durante a cerimônia de posse do segundo mandato do presidente Nayib Bukele.
Em comunicado, o órgão informou que os indivíduos “estavam agrupados na chamada Brigada de Insurreição Salvadorenha e seus objetivos eram detonar postos de gasolina, supermercados e instituições públicas”. Acompanharam a mensagem várias imagens de cilindros explosivos, bem como dos materiais usados em sua confecção – como o sulfato de amônio – e baterias que, ao explodirem junto com esses dispositivos, causam uma onda expansiva maior.
As evidências foram encontradas no município de Guazapa, na periferia norte da capital, um antigo bastião da guerrilha durante o conflito armado.
Além disso, foi publicada a suposta ligação de um dos membros do grupo discutindo os planos. “Já tenho o transporte em mãos, se necessário, levo você até onde você mora (…) Preciso que (…) o mecanismo funcione na hora e funcione bem. Porque isso estava causando problemas, mas parece estar bom. Como eu disse, a potência não me agradou muito, alguns funcionaram e outros não, então quero que funcione completamente e que não haja nenhum falha”, diz o trecho.
Os detidos foram identificados como José Santos Melara, ex-deputado, líder da Associação Nacional de Veteranos e Veteranos de Guerra do FMLN e coordenador da Aliança de El Salvador pela Paz, acusado de ser “o financiador desses planos”; Roberto Antonio Esquivel, José Ismail Santos, Pedro Alfonso Mira, Douglas Recinos, Orlando Cartagena, Eliseo Alvarado e Wilfredo Parado, cuja experiência como especialista em explosivos durante a guerra foi fundamental para verificar o funcionamento correto dos dispositivos.
A prisão deste grupo ocorre poucos dias depois que, em 27 de maio passado, o Bloco de Resistência e Rebelião Popular (BPR) – que reúne várias organizações sociais e opositores do governo – manifestou que não reconhecia Bukele por ter conseguido a reeleição por meio de “fraude” e perseguição a pessoas e grupos críticos ao seu governo. Eles inclusive haviam adiantado atividades durante todo o sábado em sinal de repúdio à posse.
Por sua vez, os veteranos das Forças Armadas e os ex-combatentes do FMLN se posicionaram como um grupo crítico ao oficialismo por não terem atendido às suas reivindicações por um aumento nas pensões – de USD 100 que buscam elevar para USD 300, com um bônus de USD 700 para famílias de falecidos e um fundo de crédito preferencial – e outras demandas pendentes desde os Acordos de Paz de 1992.
Assim, nesta sexta-feira, o BPR denunciou que a prisão de Melara era injusta e o descreveu como “um lutador social veterano de guerra e líder da Aliança”. “Sua prisão arbitrária é um ato de perseguição política. Exigimos sua liberdade e expressamos nossa solidariedade”, acrescentou.
Por sua vez, a analista e advogada Bessy Ríos viu com desconfiança essas detenções, considerando que são pessoas com experiência suficiente para saber que falar sobre seus planos em conversas telefônicas envolve alto risco e buscar mecanismos que garantam a privacidade.
“O que chama a atenção é que, tendo essa experiência, eles falem sobre esses assuntos por vias não seguras (por telefone), é muita ingenuidade para pessoas tão preparadas em questões insurgentes, mas bem, vamos esperar pelas investigações”, disse.