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Uma nova pesquisa desafia a popular teoria de que fósseis de dinossauros inspiraram a lenda dos grifos, criaturas mitológicas com cabeça e asas de pássaro e corpo de leão. A hipótese foi amplamente promovida por Adrienne Mayor há mais de 30 anos, sugerindo que o Protoceratops, um dinossauro encontrado na Mongólia e China, teria inspirado o mito dos grifos ao ser descoberto por antigos nômades prospectando ouro. Os grifos, que apareceram pela primeira vez na arte egípcia e do Oriente Médio no 4º milênio a.C., e mais tarde na Grécia antiga no século VIII a.C., foram relacionados ao Protoceratops devido a semelhanças superficiais. Este dinossauro, que viveu há cerca de 75-71 milhões de anos, era pequeno, quadrúpede e tinha um bico, além de extensões no crânio que poderiam ser interpretadas como asas.
No entanto, o novo estudo realizado pelos paleontólogos Dr. Mark Witton e Richard Hing, da Universidade de Portsmouth, revisou registros fósseis históricos e fontes clássicas, além de consultar historiadores e arqueólogos. Eles concluíram que não há evidências concretas para essa ligação. Os pesquisadores destacam que os fósseis de Protoceratops são encontrados a centenas de quilômetros dos antigos locais de ouro e que, em geral, apenas uma pequena parte dos esqueletos de dinossauros seria visível na superfície, tornando improvável que antigos nômades os notassem. Além disso, não há referências inequívocas aos fósseis de Protoceratops na literatura antiga. “A suposição de que esqueletos de dinossauros são encontrados meio expostos é equivocada.
Geralmente, apenas uma fração de um esqueleto em erosão é visível”, explicou Dr. Witton. “É mais provável que os restos de Protoceratops tenham passado despercebidos.” O estudo também aponta que a disseminação geográfica da arte do grifo não se alinha com a teoria de que o mito começou com fósseis da Ásia Central e depois se espalhou para o oeste. Em vez disso, a aparência dos grifos pode ser facilmente explicada como uma combinação imaginária de grandes felinos e aves rapinantes. Os autores ressaltam a importância de distinguir entre folclore de fósseis baseado em evidências e especulações. “Não há problema em pensar que povos antigos incorporaram ossos de dinossauros em sua mitologia, mas essas propostas precisam ser fundamentadas em fatos históricos e paleontológicos”, disse Richard Hing.
Dr. Witton acrescentou que nem todos os mitos precisam ser explicados por fósseis. Ele citou exemplos como Protoceratops e grifos, elefantes fósseis e ciclopes, e dragões e dinossauros, que são especulativos. “Promovemos essas histórias porque são emocionantes, mas ignoramos geomitos fósseis baseados em fatos e evidências, que são igualmente interessantes e merecem mais atenção.” Este estudo traz uma nova perspectiva sobre a origem dos grifos, destacando a importância de uma abordagem crítica e baseada em evidências para entender as interações entre fósseis e mitologia.