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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) iniciou nesta quarta-feira (10) sua Cúpula em Washington com um objetivo geopolítico claro: reafirmar seu apoio militar à Ucrânia contra a Rússia e explicitar que a aliança militar formada por Europa e Estados Unidos não permitirá que a China aumente sua influência global.
A OTAN, uma aliança militar de 32 países, considera que Rússia, China, Irã e Coreia do Norte estabeleceram um eixo estratégico para impor uma visão ideológica do mundo que contrasta com os valores democráticos defendidos por Estados Unidos e Europa.
Nesse contexto, a Cúpula da OTAN fixou uma agenda de trabalho que inclui um debate aprofundado sobre o atual cenário internacional, a situação da guerra entre Ucrânia e Rússia, e o peso geopolítico da região Indo-Pacífico frente às pretensões econômicas e comerciais de China, Coreia do Norte e Irã.
As sessões da OTAN em Washington serão lideradas por Joe Biden, que vê nessa coalizão multilateral uma ferramenta fundamental para derrotar Vladimir Putin e conter a ofensiva de Xi Jinping e seus aliados.
“Ucrânia pode e deterá Putin. A guerra terminará e a Ucrânia continuará sendo um país livre e independente. A Rússia não vencerá”, declarou Biden durante a cerimônia oficial em homenagem à criação da OTAN em 1949.
A OTAN apoia a Ucrânia sem divisões políticas, mas age com estrita cautela diplomática para evitar que a guerra contra a Rússia se transforme em um conflito mundial. Nessa posição, a aliança continental aprovará um pacote de ajuda militar de 40 bilhões de dólares, enviará baterias antiaéreas para Kiev e postergará indefinidamente a inclusão da Ucrânia como membro pleno da OTAN.
O artigo 5º do estatuto da OTAN estabelece que a agressão a um estado-membro pode implicar a reação armada do resto dos sócios da coalizão militar. Assim, se a Ucrânia se tornar membro, a OTAN como um todo enfrentaria a Rússia, e o Kremlin, diante desse dilema de segurança, pediria assistência imediata de China, Coreia do Norte e Irã.
Nesse possível cenário, a guerra no Cáucaso se transformaria em um conflito global, uma situação que Estados Unidos e Europa já optaram por rejeitar. Ou seja, a Ucrânia só será membro da OTAN quando terminar seu conflito armado com a Rússia. No entanto, para evitar mal-entendidos em Moscou e Pequim, o comunicado final da Cúpula deixará claro que a entrada da Ucrânia na OTAN é irreversível.
Nas próximas 48 horas, a equipe de Biden e os assessores de Zelensky negociarão os termos exatos que permitirão ao mundo entender que, por trás da Ucrânia, estão os 32 membros da aliança militar.
Além do apoio à Ucrânia, a Cúpula reservou espaço para refletir sobre a complexa situação na região Indo-Pacífico, causada pela pressão econômica e militar exercida por China, Rússia, Irã e Coreia do Norte. A região Indo-Pacífico abrange desde a Ásia-Pacífico até o Oriente Médio e a África, através do oceano Índico, e constitui um núcleo econômico chave. Xi Jinping e Putin pretendem ocupar esse espaço geopolítico, e a OTAN quer usar seu peso militar e logístico para conter as ambições autoritárias de Pequim e Moscou.
Com essa perspectiva, a OTAN convidou Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia (IP4) para a cúpula em DC. Não é a primeira vez que o IP4 participa de uma Cúpula da OTAN; já o fez em Madri (2022) e em Vilnius (2023), com o objetivo sempre de conter a China e seus eventuais aliados.
Contudo, desta vez, a situação histórica é diferente. Xi apoia a Rússia na guerra contra a Ucrânia e avança sobre os mares da China Meridional e Oriental e o Estreito de Taiwan, ocupando espaços geopolíticos fora de sua área de influência.
Nesse cenário histórico, duas coalizões antagônicas ocupam o tabuleiro internacional. A OTAN, que começa hoje a deliberar em Washington para definir uma agenda de longo prazo, e a entente que alinha China, Rússia, Irã e Coreia do Norte. Trata-se de um verdadeiro choque de civilizações.