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O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou neste domingo que o regime da Coreia do Norte está enviando tropas para reforçar o Exército russo, que desde 2022 está em guerra na Ucrânia.
“Estamos observando uma aliança cada vez mais forte entre a Rússia e regimes como o da Coreia do Norte”, afirmou o chefe de Estado. Ele acrescentou: “Não se trata apenas de transferir armas. Na verdade, estamos falando da transferência de pessoas da Coreia do Norte para as forças armadas do ocupante.”
“Obviamente, nessas circunstâncias, nossas relações com nossos parceiros devem se desenvolver. A linha de frente precisa de mais apoio”, enfatizou Zelensky.
Na semana passada, o presidente ucraniano realizou uma turnê por capitais europeias — incluindo Berlim, Londres e Paris — para solicitar a continuidade do apoio militar em um momento em que as tropas de Vladimir Putin intensificam a pressão no leste da Ucrânia.
O presidente também espera que seus aliados ocidentais o autorizem a utilizar suas armas para atacar em profundidade o território russo.
Recentemente, segundo informou o jornal The Guardian, a Coreia do Norte enviou engenheiros militares para a Ucrânia para apoiar a Rússia no lançamento de mísseis balísticos. Esses engenheiros norcoreanos foram vistos operando em áreas ocupadas pela Rússia, e alguns deles morreram em ataques recentes perto de Donetsk.
A presença de tropas norcoreanas no conflito representa um novo nível de apoio estrangeiro às forças russas.
O ditador norcoreano, Kim Jong-un, visitou a Rússia no ano passado para se reunir com Putin. Durante o encontro, fortaleceram seus laços por meio de um acordo secreto de armas. Esse pacto permitiu que o regime de Pyongyang enviasse munições cruciais para as forças russas, facilitando seu avanço no leste da Ucrânia durante o verão. No entanto, o acordo parece ter ido além do fornecimento de material, envolvendo também o envio de pessoal militar.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, declarou que é “muito provável” que oficiais norcoreanos tenham sido enviados junto às tropas russas e que vários deles morreram em um ataque recente. Além disso, o Exército ucraniano informou ter destruído munições norcoreanas em um ataque a um depósito na região de Bryansk.
A participação da Coreia do Norte no conflito oferece ao país a oportunidade de testar suas armas e ganhar experiência de combate, o que poderia fortalecer sua posição diante de aliados internacionais poderosos. Segundo Lim Eul-chul, professor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente em Seul, essa experiência é crucial para a Coreia do Norte, que busca aprender a manusear diferentes armas e adquirir experiência em combate real.
Os mísseis norcoreanos, embora considerados de baixa qualidade e pouco confiáveis, têm sido essenciais para manter o fogo constante das armas russas contra o Exército ucraniano. Estima-se que Pyongyang tenha fornecido cerca da metade da munição de maior calibre utilizada no campo de batalha neste ano, incluindo mais de 2 milhões de balas e mísseis KN-23.
Apesar das negações públicas de Moscou e Pyongyang sobre vendas de armas, ambos os países celebraram o aprofundamento de seus laços nos últimos meses. A Coreia do Norte busca a ajuda da Rússia para seu programa de satélites espiões, que tem enfrentado fracassos recentes. No entanto, não está claro até que ponto a Rússia está disposta a compartilhar tecnologia militar sensível com a Coreia do Norte em troca de seu apoio na Ucrânia.
As evidências que confirmam a colaboração militar entre os dois regimes estão se tornando cada vez mais contundentes. No final de abril, especialistas da ONU concluíram que as tropas de Putin utilizaram, no dia 2 de janeiro, um míssil balístico norcoreano durante um ataque à cidade ucraniana de Kharkiv. No relatório de 32 páginas, os supervisores de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) apontaram que “os destroços recuperados são de um míssil da série Hwasong-11 da RPDC” e violam o embargo de armas à Coreia do Norte.
Khrystyna Kimachuk é uma jovem inspetora de armamentos ucraniana. Naquela data, após saber do ataque a um edifício em Kharkiv, ela se comunicou com seus contatos no Exército para solicitar acesso aos destroços do míssil, que chamou a atenção das forças ucranianas por seu aspecto incomum.
Finalmente, uma semana depois, ela teve acesso a esses destroços na capital, Kiev.
Ela desmontou e fotografou cada uma das peças, incluindo os pequenos chips eletrônicos. Imediatamente percebeu que não se tratava de um míssil russo.
Durante a inspeção, observou um pequeno caractere do alfabeto coreano. Mas, posteriormente, encontrou um detalhe ainda mais revelador. Em algumas partes da estrutura estava estampado o número 112, que corresponde ao ano de 2023 no calendário norcoreano. Nesse momento, ela confirmou que tinha em mãos a primeira prova concreta de que as armas norcoreanas estavam sendo usadas para atacar seu país.
Kimachuk, que trabalha para o Conflict Armament Research (CAR), uma organização que recupera armas utilizadas na guerra para descobrir como foram fabricadas, descobriu que o míssil Hwasong-11 contava com a mais recente tecnologia estrangeira.
Segundo ela, grande parte das peças eletrônicas havia sido fabricada nos Estados Unidos e na Europa nos últimos anos. De fato, foi encontrado um chip norte-americano fabricado em março de 2023. Isso prova, ao mesmo tempo, outra denúncia que o Ocidente vem fazendo há anos: que a ditadura de Kim Jong-un, com a colaboração de seus aliados, contorna as sanções internacionais para adquirir ilegalmente componentes vitais para seu programa armamentista.
(Com informações da AFP)