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A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro manteve pagamentos ao laboratório PCS Lab Saleme em setembro, mesmo após descobrir que o laboratório havia produzido laudos incorretos, o que resultou na infecção por HIV de seis pacientes transplantados.
Durante o mês, a fundação desembolsou R$ 857 mil ao laboratório, conforme documentos obtidos pelo site g1.
A Secretaria Estadual de Saúde tomou conhecimento da situação em 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Ele não possuía o vírus antes do transplante de coração, realizado em janeiro.
Em nota, a Fundação Saúde explicou que os pagamentos realizados referem-se a despesas de meses anteriores.
Documentos obtidos pela reportagem apontam também uma soma de R$ 299.003,95 em pagamentos datados de 1º a 9 de outubro. Segundo a Fundação, esses valores ainda não foram quitados. A situação veio a público em 11 de outubro. Entre as notas fiscais, destaca-se a de número 51385, emitida em 1º de outubro, no valor de R$ 218.668,94, referente a exames realizados em julho. Outro documento, o SEI85239326, foi encaminhado em 9 de outubro, junto com a nota fiscal 51387, no valor de R$ 40.613,97, para serviços prestados no mesmo período.
Após a divulgação do caso, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro informou que investigará a contratação do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme) pelo governo estadual, encaminhando o caso aos promotores de Justiça de Cidadania. Um dos sócios do laboratório é Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho, deputado federal e líder do PP na Câmara dos Deputados. A investigação abarcará a análise de danos pelo serviço inadequado e possíveis irregularidades na licitação, considerando os vínculos familiares.
Contratada em dezembro passado via pregão eletrônico, a unidade privada de Nova Iguaçu foi escolhida para realizar a sorologia de órgãos doados, por um valor de R$ 11 milhões.
Outro sócio do laboratório, Walter Vieira, é casado com a tia de Luizinho. Walter foi preso, e Matheus foi alvo de busca e apreensão.
Luizinho, que ocupou o cargo de secretário de Saúde de janeiro a setembro de 2023, deixou a posição três meses antes da contratação do laboratório.
Sua irmã, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde, que assinou o contrato com o laboratório.
Desde 2022, os contratos com a PCS Lab somaram R$ 21,5 milhões, dos quais R$ 19,6 milhões já foram pagos.
Os primeiros pagamentos datam de agosto de 2022 para análises em UPAs como Bangu, Campo Grande e Realengo, antes mesmo de um contrato formal.