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No segundo dia do júri popular dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados confessos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, o promotor Eduardo Martins fez um apelo contundente aos jurados para que condenem os réus em todos os quesitos. Martins argumentou que a colaboração dos acusados com a Justiça ocorreu apenas porque eles sabiam que seriam descobertos e buscavam benefícios, como a redução das penas, por meio da delação premiada.
Durante sua apresentação, o promotor criticou a declaração de arrependimento feita por Lessa na quarta-feira, quando ele pediu perdão à família de Marielle. “Que arrependimento é esse que vem com algo em troca? Vocês já pediram desculpas a alguém e disseram: ‘quero seu perdão se me der algo em troca’? É exatamente isso que eles fizeram”, destacou Martins. Ele acrescentou que, até o momento da delação, ambos negavam veementemente sua participação no crime.
“O que estamos vendo agora é um esforço para mudar a narrativa. Até outro dia, negavam tudo: ‘Eu não estava no carro’. ‘Não era eu’. ‘Não tenho motivo para matar’. Até mesmo alegações de nunca ter ouvido falar de Marielle ou Anderson eram feitas”, afirmou Martins.
O promotor também lembrou que, após a condenação, os ex-PMs devem cumprir parte da pena em regime fechado, ressaltando a severidade do acordo feito com o Ministério Público, que prevê até 30 anos de prisão, com possibilidades de progressão de pena.
Martins utilizou slides durante sua apresentação, revelando detalhes da investigação, incluindo o histórico de buscas no Google feito por Ronnie antes do crime, o que causou a saída de Luyara, filha de Marielle, do plenário em evidente desconforto.
Promotoria Define Réus como Sociopatas
O promotor Fábio Vieira, que se seguiu no depoimento, descreveu o arrependimento de Lessa e Élcio como uma “farsa”. Vieira classificou os réus como “sociopatas”, enfatizando a falta de empatia e emoção em relação aos outros. “O que vocês viram no interrogatório foi uma encenação. Eles não estão arrependidos; estão tristes por terem sido pegos”, declarou.
“Se eles realmente tivessem arrependimento, teriam se apresentado à polícia antes que as provas fossem apresentadas. O arrependimento deles surge apenas quando a realidade se torna inescapável”, completou Vieira, sublinhando que essa falta de emoção é uma característica marcante de sociopatas.
Durante o julgamento, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram ouvidos, e o depoimento de Lessa se destacou pela frieza e naturalidade com que descreveu os detalhes da execução do crime, incluindo a mira dos tiros disparados contra Marielle, utilizando uma submetralhadora.