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O encontro de líderes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, no Rio de Janeiro, na próxima semana, será mais uma oportunidade para discutir questões de segurança e paz globais.
Conflitos internacionais geram mortes, migrações forçadas, destruição de infraestruturas e impactos econômicos que afetam a estabilidade global.
Nos últimos encontros do G20, realizados na Indonésia em 2022 e na Índia em 2023, a guerra entre Rússia e Ucrânia foi uma das principais preocupações, conforme refletem as resoluções adotadas pelos líderes. No encontro deste ano, o conflito entre Israel e Gaza, e outros confrontos envolvendo o Hezbollah e o Líbano, que afetaram as populações palestinas e libanesas, devem igualmente figurar nas discussões, uma vez que esses episódios começaram após a última cúpula em setembro de 2023.
De acordo com Augusto Teixeira, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional da UFPB, é provável que o G20 aborde questões como a guerra da Ucrânia, o conflito israelo-palestino, a atuação militar de Israel no sul do Líbano e o tensionamento das relações entre Israel e Irã. Ele também aponta que disputas internacionais como a controvérsia entre Egito e Etiópia sobre os recursos hídricos do Rio Nilo e o risco de um conflito envolvendo China e Taiwan podem ser temas debatidos no evento.
Mariana Kalil, professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra, destaca que o G20, por envolver países com interesses diversos, tende a tratar temas delicados de forma balanceada, realizando concessões para acomodar as posições nacionais. Ela observa que, como o G20 não é um fórum voltado para questões de segurança, as declarações dos líderes provavelmente incluirão condenações a ações terroristas e aos deslocamentos forçados, frequentemente relacionados ao conflito entre Israel e o Hamas.
Teixeira ainda salienta que os países-sede das reuniões de cúpula buscam um papel de protagonismo, e o Brasil, como presidente rotativo do grupo, tem promovido o diálogo para resolver conflitos internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, além de buscar medições nos confrontos envolvendo Israel.
No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no início de novembro que o G20 não discutirá o conflito entre Rússia e Ucrânia, uma vez que os presidentes da Rússia e da Ucrânia não estarão presentes.
Uma das propostas do Brasil, como presidente do G20, é reformar o sistema de governança global, incluindo a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, para garantir maior representatividade internacional e fortalecer a interação do conselho com a Assembleia Geral da ONU. Em setembro, os ministros de Relações Exteriores do G20 se comprometeram a avançar nessa reforma, mas Teixeira acredita que será difícil para os membros permanentes do Conselho de Segurança abrirem mão de seu poder.
Kalil considera que, embora o Brasil defenda a ampliação da representatividade nos fóruns multilaterais, como o Conselho de Segurança, o G20 deve se limitar a uma declaração sobre a necessidade de democratizar essas instituições, sem entrar em detalhes sobre como isso será feito.
Antonio Jorge Ramalho da Rocha, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília, observa que o G20 tem um papel restrito na promoção da governança global, funcionando mais como um fórum para diálogo entre os países. Ele destaca que, embora o grupo possa desempenhar um papel construtivo, a margem de manobra é estreita, especialmente em questões de segurança e governança global.