Brasil

#LulaPreso

— Mas, presidente, o senhor tem mesmo que ir.
— Eu num vô, já falei que num vô.

— Mas… presidente…
— Se eu fô, cumé que eu vô poder falar que sô preso político?

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— Pois é, presidente…
— Você que é dotô adevogado, já viu preso político receber progressão de pena?

— Nunca, presidente, mas…
— Isso aí me desmoraliza.

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— Não é bem assim, presidente…
— Nunca antes na história desse país teve um presidente tão pto da vida com essa justiça dozinferno!

— Pois é, presidente…
— Eu num queria vim, eles me obrigaram. Agora eles qué me obrigar a sair? Num vô, num vô.

— Mas eles consideraram o fato do senhor ter tido bom comportamento…
— E por que você num me avisou que era assim? Eu tinha aprontado alguma coisa.

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— Mas, presidente…
— Eu tinha dado uns cuecão no carcereiro. Eu tinha feito tráfico de pinga. Eu tinha roubado no jogo de dominó.

— Pois é, presidente…
— Se bem que roubar no dominó até que eu roubei, mas ninguém notou. He he he.

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— Mas, presidente, veja pelo lado bom. O senhor vai poder receber o pessoal em casa, voltar a articular politicamente…
— Ué. E eu já num faço isso aqui?

— Eu sei, presidente, mas é que…
— Esse povo tá todo dia aqui.

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— Verdade, presidente.
— A Gleisi vem encher o saco uma vez por semana.

— Verdade, presidente.
— Aquela lá num sabe fazer nada sozinha, toda hora vem aqui me perguntar o que é pra falar, o que é pra fazer.

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— Sei, presidente.
— O Haddad tá toda hora aqui. O Boulos já veio. A Manu já veio. Já veio todo mundo. Isso aqui tá muito mais animado que a sede do partido.

— Muita gente, presidente.
— Sem sair daqui eu botei meu poste no segundo turno!

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— É verdade, presidente.
— Pior que esse povo vem aqui e mexe em tudo, abre a geladeira, bebem meu café, comem minhas coisas.

— Sei, presidente.
— Veio a Dilma, passou a tarde inteira aqui me infernizando.

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— Sei, presidente.
— Veio o Lindberg, ficou dormindo aí na minha cama, acho que ele não tava muito bom aquele dia. Acho que tava gripado.

— Sei, presidente.
— Já veio Chico Buarque, Martinho da Vila.

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— Eles amam o senhor, presidente.
— Já veio aquele ator americano que eu esqueci o nome.

— O Danny Glover, presidente.
— Já veio o Mujica. Veio aquele argentino, o poste da Cristina.

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— É verdade, presidente.
— Toda hora tem um jornalista me entrevistando.

— Sim, presidente.
— Tô aparecendo muito mais aqui do que se tivesse lá fora.

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— É verdade, presidente.
— Arrumei até namorada.

— Nós sabemos, presidente, mas…
— Pra quê que eu vou querer sair daqui?

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— Mas… presidente…
— Eu só saio inocentado ou com a sentença anulada.

— Mas não é assim tão simples, presidente.
— Se fosse simples eu num tinha contratado adevogado, punha qualquer um, punha um jegue, punha o Sibá Machado pra me defender.

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— Desculpe, presidente.
— Vocês num me falô que deu certo aquele negócio lá do STF? Que tem que voltar lá pro começo, nas alegação dos delatado?

— Sim, mas isso ainda vai ser analisado, vão verificar cada caso…
— E o negócio lá do Gilmar?

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— O habeas corpus baseado na suspeição do juiz Moro?
— Num me fala o nome desse sujeito aqui.

— Desculpe, presidente. Mas é que a questão ainda será levada a plenário.
— Num pode pedir pro STF dar uma coisa pra eu ficar preso?

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— Como assim, presidente?
— Um habias-presus. Um cadeia-corpus.

— Isso não existe, presidente.
— Mas eu num vô sair daqui agora porque vai ser a mesma coisa que concordar com eles que eu sô culpado.

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— Mas, presidente, o senhor pode fazer como o Vaccari e ir trabalhar na sede da CUT…
— Mas nem fdend.

— Ou o senhor pode ir para seu apartamento em São Bernardo do Campo, desde que use tornozeleira eletrônica…
— Num vô. Mas manda eles enfiá essa poa no c.

— Essa não nos parece uma boa ideia, presidente.
— Num vô.

— Lá fora o senhor vai poder organizar a oposição ao governo!
— E precisa? Esse governo aí num precisa de oposição, não.

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— Mas, presidente, infelizmente o senhor vai ter que ir…
— Num vô. Chama o pessoal. Manda armar o acampamento aí na frente de novo.

— Mas, presidente…
— Chama todo mundo. Faz comício, manda organizar a campanha Lula preso. Inocência ou nada.

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— Mas, olha, presidente…
— Faz uma missa.

— Missa?
— Isso. Que nem teve lá no dia que me prenderam.

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— Mas, veja bem, presidente…
— Chama o Leonardo Bófi. Tá toda hora aqui enchendo o saco, aquele véio. Manda ele organizar um ato ecumênico aí na frente.

— Puxa vida, presidente…
— Só saio daqui inocentado.

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— Mas, presidente…
— Inocentado e com a sentença anulada.

— Presidente…
— Inocentado, com a sentença anulada e com pedido de desculpas do Moro e daquele magrelo lá, aquele Dalanhóu.

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— Presidente…
— Os dois, me pedindo desculpas de joelhos.

— Presidente…
— E quando eu tivé saindo, tenho que ter direito de dar um tapinha na bunda deles.

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— O senhor não está exagerando um pouco, presidente?
— Se não for assim, num vô.

— Um minuto, presidente, estão me chamando lá fora.
— Onde é que cê vai? Volta aqui.

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— É só um instante, presidente…
— Volta aqui, eu tô pagando uma fortuna pra vocês fazê o que eu mando, porque nunca antes na história desse país teve um presidente que gastou tanto dinheiro com adevogado, milhões e milhões que eu ganhei trabalhando de forma honesta.

— Pronto, presidente.
— O que que foi?

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— É que como o senhor se recusa a aceitar a progressão de pena, a Polícia Federal tomou uma atitude drástica, presidente.
— Hein? Quem tava aí?

— Um oficial de justiça, presidente.
— E ele queria o quê? Que papel é esse aí?

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— É uma ordem de despejo, presidente.
— Num vô. Num vô.

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