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Principal destino turístico religioso da América Latina, o município de Aparecida, a 170 quilômetros da capital paulista, tornou-se um triste exemplo dos problemas econômicos causados pelas medidas restritivas impostas contra a Covid-19.
Dependente dos milhares de fieis que visitavam o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida todos os anos, o município enfrenta a paralisação de quase toda as suas atividades.
De acordo com o prefeito Luiz Carlos de Siqueira, o Periquito, com cerca de 36 mil habitantes, o município está com cerca de 70% de desempregados. As medidas restritivas adotadas para tentar conter a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) afastaram os turistas, levando cerca de 95% dos hotéis da cidade a suspender o funcionamento por tempo indeterminado e a demitir funcionários.
Muitos donos de estabelecimentos inclusive estão inseguros quantos à retomada das atividades dentro de algum tempo.
“Meu município está quebrado”, resumiu o prefeito Luiz Carlos Siqueira (Podemos) em entrevista à revista Oeste.
“Nossos restaurantes estão fechados e todos demitiram em massa. Cada dia a situação piora. Mais de 70% dos moradores estão desempregados”, relatou, ao mencionar as incontáveis placas de “aluga-se” em praticamente todos os pontos comerciais que antes recebiam intenso fluxo de gente. Além disso, o prefeito citou as despesas que Aparecida contraiu. “Ao assumir [em 2020], fiz um levantamento. Estamos com R$ 103 milhões de dívida ativa. É representativo para um município pequeno. Se a população não tem dinheiro, como vai pagar os tributos?”, indagou Siqueira. “Aparecida se tornou um local triste.”“Nossos restaurantes também demitiram. Temos uma feira que reúne 2,5 mil ambulantes que labutam aos sábados e domingos para ganhar o pão com que atravessam a semana. Esta feira está fechada, causando uma tragédia socioeconômica. São 600 vendedores de refrigerantes, uma quantidade enorme de sorveteiros. Todos perderam suas fontes de sustento”, disse Siqueira.
O prefeito participou na manhã desta sexta-feira (26) da cerimônia de entrega de cestas básicas a famílias em situação de vulnerabilidade – evento que serviu, também, para o Ministério da Cidadania lançar, em parceria com o Programa Pátria Voluntária, o projeto Brasil Fraterno.
Segundo Siqueira, a distribuição de alimentos doados pela população e por empresas foi a forma que a prefeitura encontrou para dar uma resposta ao problema mais urgente causado pela pandemia: a fome.
“A cidade está estrangulada socioeconomicamente. Nossas famílias estão sofrendo”, alertou o prefeito.
Ele afirmou que, depois de ter seus apelos divulgados na imprensa na semana passada, toneladas de alimentos doados começaram a chegar à cidade.
Só a Ceagesp, empresa pública federal, doou, nesta semana, 292 toneladas de frutas, verduras e legumes que começaram a ser distribuídos hoje à população. A operação teve a colaboração de voluntários que separaram os alimentos e a montaram as cestas.
“Nosso povo é generoso, tem compaixão. Foi com esse coração que o povo brasileiro começou a me ligar de todos os lugares, inclusive do exterior, querendo contribuir nesta hora de adversidade”, afirmou o prefeito que, no começo da semana, viajou a Brasília em busca de apoio federal.
A iniciativa contribuiu para a escolha de Aparecida para o lançamento do projeto Brasil Fraterno.
Aparecida exerce uma grande influência sobre outras cidades do Vale do Paraíba e, por isso, a crise afeta também municípios vizinhos.
Ontem (25), a prefeita de Potim, Erica Soler, pediu auxílio a Siqueira, que determinou que parte dos alimentos doados a Aparecida fossem redistribuídos para esta cidade. Alguns mantimentos foram entregues nesta manhã.
Nas redes sociais, Erica disse que os perecíveis já estavam sendo separados e que, no decorrer do dia, a prefeitura divulgaria a forma de distribuição aos necessitados.
A uma internauta que sugeriu à prefeita informar a imprensa sobre a situação do município para conseguir mais ajuda, Erica disse que já tinha conversado com outras instâncias. “Estamos esperando ajuda e correndo atrás. Em breve, teremos mais contribuições chegando!”, escreveu Erica. A outro internauta, a prefeita informou que, além dos hortifrutigranjeiros, chegará mais ajuda em breve.
Saiba como contribuir
Quem tiver interesse em contribuir financeiramente com o Fundo Social de Aparecida pode depositar qualquer quantia no Banco do Brasil – agência 1451-6, conta-corrente 3320-0, CNPJ 46.680.518/0001-14. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (12) 3104-4000 (ramal 4045).
Os que moram na região e querem doar alimentos, roupas ou produtos de higiene devem levar os produtos ao Centro Educacional do Jovem Aprendiz (Ceja/Cemep), na Rua Simplício Soares, sem número, centro, antigo Mercado Municipal.