O delegado responsável pela investigação das suspeitas de corrupção no Ministério da Educação (MEC) durante a gestão Milton Ribeiro, Bruno Calandrini, pediu a prisão de membros da cúpula da Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal. Calandrini alega interferência do alto comando da corporação nas apurações do caso. A informação sobre o pedido de prisão contra o alto escalão da PF foi publicada, neste sábado (14), pelo site Metrópoles.
O pedido de prisão foi duramente criticado e surpreendeu alguns integrantes da corporação. Colegas de Calandrini relataram à CNN Brasil que ele pode responder por abuso de autoridade, a menos que consiga justificar o pedido de prisão.
O pedido de Calandrini foi classificado de grave e drástico por fontes em Brasília. Delegados que já trabalharam no mesmo grupo que Calandrini disseram de forma reservada à CNN, que a denúncia de interferência é de difícil configuração.
Para eles, o pedido apenas se justificaria se houvesse elementos como gravações ou mensagens. Caso contrário, estaria mais para um manifesto de insubordinação. Para essas fontes, mesmo que a justiça não acate, o pedido de prisão deixa estragos na imagem da PF. Com base nisso, a permanência de Calandrini na corporação é considerada insustentável, e dificilmente ele não sofrerá represálias
Bruno Calandrini é responsável pela investigação que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e vinha acusando a PF conceder tratamento diferenciado ao ex-ministro.
Semanas depois, a corporação abriu uma sindicância para investigar a conduta do delegado. Calandrini também foi removido do setor que investiga pessoas com foro privilegiado e transferido para o departamento de crimes cibernéticos.
Negando se tratar de represália, a corporação disse na época que a mudança teria ocorrido a pedido do próprio delegado.
Em julho a ministra Rosa Weber, presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede) para suspender a sindicância da Polícia Federal (PF) que investiga Calandrini.
O pedido dele foi enviado à ministra Cármen Lúcia, que também está encarregada do inquérito sobre as acusações de tráfico de influência no MEC envolvendo pastores de igrejas evangélicas. Não há um prazo pré-determinado para tomar ela proferir a decisão.