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O relatório final de um estudo conduzido pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) expõe uma realidade preocupante: a taxa de mortalidade de crianças indígenas no Brasil é mais que o dobro daquela registrada entre o restante da população infantil do país.
De acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (9), referentes ao período entre 2018 e 2022, a situação é alarmante. Em 2022, por exemplo, para cada mil nascidos vivos entre os indígenas, 34,7 crianças com até quatro anos de idade faleceram. Essa taxa é 2,44 vezes maior do que a registrada entre as crianças não indígenas. Essa disparidade persistiu ao longo dos anos, com a menor diferença sendo registrada em 2020.
O estudo destaca que as crianças indígenas enfrentam um cenário desafiador, distante das metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU, que busca o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida para todos. A mortalidade infantil, em particular, permanece elevada entre os indígenas, enquanto a meta é reduzi-la para menos de 25 mortes por mil nascidos vivos.
Além disso, há uma discrepância significativa na mortalidade neonatal, onde os indígenas também apresentam taxas mais altas. As enfermidades são apontadas como um fator de risco relevante, com as crianças indígenas morrendo mais por doenças evitáveis do que as não indígenas.
O estudo, intitulado “Desigualdades em saúde de crianças indígenas”, é o 12º de uma série que aborda questões relacionadas ao desenvolvimento na primeira infância. Utilizando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do SUS, as pesquisadoras identificaram que as doenças respiratórias e infecciosas, juntamente com as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, estão entre as principais causas de morte entre as crianças indígenas.
O acesso limitado aos territórios, a escassez de profissionais de saúde e as dificuldades na obtenção de dados sobre saúde indígena são alguns dos obstáculos destacados para melhorar os indicadores de saúde dessa população. Além disso, a degradação ambiental, especialmente devido ao garimpo ilegal, tem contribuído para o aumento da exposição a doenças e a uma crise humanitária em comunidades como a Terra Yanomami.
Os dados alarmantes do estudo reforçam a urgência de medidas para enfrentar as disparidades de saúde enfrentadas pelas crianças indígenas no Brasil, garantindo o cumprimento dos direitos fundamentais dessas comunidades.