O desaparecimento da menina Ana Sophia, ocorrido no distrito de Roma, em Bananeiras, no Brejo paraibano, completa um ano nesta quinta-feira (4). A investigação da Polícia Civil concluiu que ela foi vítima de um crime premeditado com motivação sexual. O único suspeito, Tiago Fontes, está morto, e o corpo de Ana Sophia nunca foi encontrado.
Em maio de 2024, o delegado Aldrovilli Grisi, responsável pelo caso, informou ao g1 e à TV Cabo Branco que o inquérito deve se tornar público, o que poderia ajudar na localização do corpo da menina. No entanto, o Ministério Público da Paraíba ainda está analisando o caso, e não há previsão para a divulgação do inquérito.
Ana Sophia, de 8 anos, desapareceu na tarde do dia 4 de julho de 2023, após sair para brincar. Segundo o inquérito final, Tiago Fontes matou a menina, ocultou seu corpo e tirou a própria vida dois meses depois do crime.
“Um crime cometido em um local privado, executado apenas por ele, em que o corpo foi ocultado em local incerto e não sabido. Essa certeza foi dada pelos frutos das investigações empreendidas pela força-tarefa montada no intuito de solucionar esse desaparecimento. São provas testemunhais, provas técnicas periciais, são relatórios de investigação dos agentes da força-tarefa que nos dão a certeza da responsabilidade de concluir esse inquérito da forma como foi apresentado”, afirmou o delegado Aldrovilli Grisi ao site g1.
Segundo as investigações, Ana Sophia saiu de casa por volta das 12h e foi até a casa de uma amiga. No entanto, ao chegar lá, a amiga não estava em casa, então ela voltou. Por volta das 12h36, uma câmera de segurança registrou Ana Sophia caminhando na calçada de um mercadinho. Cerca de 150 metros adiante, um vulto foi visto entrando em uma casa.
Segundo a análise da perícia, as medidas coincidiam com as da criança, e o local correspondia à entrada da casa de Tiago Fontes. Esses foram os últimos registros dela em vida.
O delegado Aldrovilli Grisi informou que a família de Ana Sophia vivia em um imóvel alugado pelo sogro de Tiago Fontes, que morava em frente à residência da família da menina. O suspeito frequentava regularmente a casa do sogro.
“Ele tinha conhecimento da rotina da família de Ana Sophia. E aí vem os detalhes, corroborados em depoimentos, de um olhar, de uma cultura injusta com a mulher”, disse Grisi.
As investigações revelaram que Tiago Fontes fez buscas no celular sobre decomposição de corpo humano, estágios de putrefação e a duração da identificação de DNA em fios de cabelo. Ele também pesquisou sobre o caso de Júlia, uma criança da Praia do Sol que foi assassinada pelo padrasto e encontrada em um poço.
A Polícia Civil concluiu que o crime foi premeditado, com base nas pesquisas encontradas no celular de Tiago, que foi encontrado morto em novembro, conforme explicou o delegado Diógenes Fernandes, também envolvido nas investigações. O inquérito indicou que o crime teve motivação sexual e que Tiago agiu sozinho.
Tiago planejou o crime quatro meses antes. Em março, ele já pesquisava como matar uma criança de 7 anos por asfixia, idade que Ana Sophia tinha na época.
Em uma entrevista coletiva no dia 14 de novembro, o delegado Aldrovilli Grisi afirmou que Tiago exibiu um comportamento diferente ao sair para trabalhar no dia do desaparecimento de Ana Sophia. Ele colocou o carro na garagem, algo que não costumava fazer, e lavou o local. Além disso, saiu para o trabalho por uma rota oposta, na contramão, e no dia seguinte deixou o local antes do horário habitual.
Durante a investigação e coleta de depoimentos, o delegado Grisi relatou que Tiago esteve próximo de confessar o crime em três ocasiões, mas recuou e se posicionou como vítima.
Em 12 de setembro de 2023, a Polícia Civil anunciou o desaparecimento de Tiago Fontes. Ele foi visto pela última vez saindo de casa após uma vistoria em sua residência, parte das investigações.
Quase dois meses depois, em novembro, o corpo de Tiago foi encontrado em uma área de mata em Bananeiras. Buscas foram realizadas no local em busca de Ana Sophia, mas a menina não foi encontrada.
O corpo de Tiago estava sem sinais de hematomas ou perfurações, mas em avançado estado de decomposição, junto de uma garrafa de bebida alcoólica e uma cama improvisada com capim, encontrado por trabalhadores rurais. Os investigadores concluíram que ele cometeu uma “autoeliminação”.
