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O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou nesta sexta-feira (31) que a “ADPF das Favelas” — decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringiu operações policiais em comunidades durante a pandemia — foi um dos principais fatores que contribuíram para o espalhamento do Comando Vermelho (CV) por quase todos os estados do país.
A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva em que o secretário apresentou o balanço da megaoperação policial deflagrada na última terça-feira (28), que resultou em 113 prisões e 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio.
Segundo Curi, a operação comprovou que os alertas feitos pela corporação há cinco anos estavam corretos. “Com o advento das restrições às operações, a Polícia Civil alertou que haveria o fortalecimento do crime organizado, aumento de disputas territoriais e a transformação das favelas em bases operacionais do tráfico. Hoje, vemos isso se confirmar”, afirmou.
O secretário destacou que, antes da ocupação policial em 2010, os complexos da Penha e do Alemão funcionavam como o quartel-general do CV apenas no estado do Rio, mas agora se tornaram o centro de comando nacional da facção criminosa. “É desses complexos que partem todas as ordens e diretrizes do Comando Vermelho para quase todos os estados do Brasil”, declarou.
Curi também revelou que os complexos se transformaram em centros de treinamento e distribuição de armas, com negociações mensais de 50 a 70 fuzis. “Ali se formam narcoterroristas que vêm de outros estados para aprender o modo de operação do CV e replicar em seus locais de origem”, disse.
Entre os 113 presos, 54 já possuíam antecedentes criminais, e todos tiveram a prisão preventiva decretada em audiência de custódia. A Polícia Civil investiga a rede de conexões interestaduais do Comando Vermelho, que, segundo o secretário, mantém presença ativa em estados como Bahia, Ceará, Pará e Amazonas.
