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Desde o início da vacinação no Brasil, em 17 de janeiro, a idade dos mortos e internados por conta da covid-19 diminuiu consideravelmente, com a taxa de vítimas entre os idosos – especialmente entre aqueles de 60 a 69 anos – despencando desde o auge da segunda onda da pandemia.
É o que indicam os dados do início de janeiro até julho deste ano do SIVEP-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe), do Ministério da Saúde, que foram analisados pelo R7. O banco compila informações sobre as vítimas de SRAG (Síndrome de Insuficiência Respiratória Aguda), das quais especialistas calculam 98% dos casos causados pela covid-19.
O grupo entre 60 e 69 anos, antes o mais vitimado pela SRAG, teve redução de 74% da média móvel internações e de 76% de mortes entre o final de março e o início de abril, o pico da segunda onda. Agora, são os brasileiros de faixas etárias até três décadas mais novas (59 a 50, 49 a 40 e 39 a 30) que estão com as maiores taxas de internados.
Em relação aos óbitos, estas duas faixas etárias de meia idade mantêm protagonismo. São os brasileiros de 50 a 59 anos que morrem mais, enquanto os dez anos mais novos estão em patamares similares aos idosos com 60 e 70 anos.
Em comum, todos as faixas tiveram um aumento anormal durante o auge da segunda onda da covid-19 no Brasil, entre o final de março e início de abril. Os dois meses foram os mais letais da pandemia e fizeram explodir o número de mortos e internados, principalmente entre brasileiros com 60 anos.
Neste período, o ritmo de vacinação ainda era muito lento e poucos brasileiros nos grupos prioritários tinham recebido as doses. Com a disseminação da variante Gamma (P1, do Amazonas) do novo coronavírus por todo o território nacional o resultado foi de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) lotadas em todos os estados e recordes diários de mortes.
Nas semanas seguintes ao colapso hospitalar, a aplicação de doses saltou de 14,3 milhões de brasileiros vacinados em março para 23,5 milhões em abril, seguida de 21,2 milhões em maio e fechando com 32,5 milhões em junho, total de 77,3 milhões nos três meses seguintes.
“Já há suficiente informação e dados que pelo menos parte desta queda poderia ser atribuida ao aumento da cobertura vacinal. A parcela que pode ser atribuída a esta vacinação ainda não está muito clara”, opina o epidemiologista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Guilherme Werneck.
Além da imunização, sugere Werneck, a não adoção do isolamento social e do uso de máscaras também pode explicar as variações mais significativas nas mortes e internações das faixas etárias, como a dos mais jovens, que podem ter voltado a se arriscar mais.
“Essa população de 60 anos ou mais, que é realmente uma população que tem maior vulnerabilidade de desenvolver formas graves [da covid], (…) muitas delas já morreram. Então existe uma ‘sobrevivência seletiva’ também, esses idosos já superaram fases mais difíceis e possivelmente são um subconjunto que é menos vulnerável”, completa.
*Com informações de R7