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As vendas da indústria de veículos do Brasil devem voltar ao patamar de 2004 este ano, em meio a uma queda esperada de 40% gerada pelos impactos da pandemia de Covid-19, segundo dados informados nesta sexta-feira pela associação que representa o setor, Anfavea.
A entidade estimou que os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no país devem atingir 1,675 milhão de unidades este ano, praticamente metade do que o setor esperava vender no início do ano, antes da epidemia chegar ao Brasil em março.
“Olhando o cenário de queda de 40% isso indica que o congelamento dos investimentos das empresas possa ser mais intenso, porque não estamos vendo quando ocorrerá uma recuperação substancial dos mercados interno e de exportação”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em apresentação online da entidade.
O volume de vendas projetado pela entidade toma como base um cenário em que o Produto Interno Bruto do Brasil vai cair entre 7% e 7,5% neste ano e um patamar de Selic de 2,25%.
Do total estimado, a entidade espera que as vendas de carros e comercias leves somem 1,6 milhão de unidades enquanto os emplacamentos de caminhões devem atingir 65 mil veículos e os de ônibus 10 mil. Bem longe dos 120 mil caminhões e 23 mil ônibus projetados no início do ano.
Segundo Moraes, a Anfavea não fez estimativas para produção do setor, uma vez que as fábricas do país estão retornando em datas e em velocidades diferentes ao trabalho, em meio à aplicação de uma série de novos protocolos sanitários e de higiene para uma operação considerada segura contra contágio pelo novo coronavírus. Ele afirmou que apenas sete fábricas de automóveis voltaram a operar em maio e o restante voltará apenas neste mês.
Em maio, a produção somou 43 mil veículos, um salto ante os apenas 1.800 montados em abril, mas isso representa uma queda de 84% em relação ao que o setor fabricou no mesmo período de 2019. Já os licenciamentos, subiram 11,6% ante abril, para 62 mil veículos, mas despencaram quase 75% sobre maio do ano passado.
Moraes deu indicações de que as vendas estão melhorando desde abril, em meio a reaberturas de alguns Estados, municípios e retomada de trabalho de departamentos de trânsito responsáveis pelos emplacamentos, mas esta recuperação ainda segue bem lenta.
A média de licenciamentos por dia útil em abril tinha sido de apenas 2 mil unidades no país inteiro e esse volume passou a 3 mil em maio e a primeira semana de junho registra 4 mil. Porém, um ano antes, a média era de mais de 10 mil unidades por dia útil.
“Ainda vamos ter um mês muito difícil (em junho) e o segundo trimestre vai ser muito dramático”, disse Moraes. “Podemos ter um terceiro trimestre em um patamar melhor e o quarto trimestre ainda melhor”, uma vez que mercados importantes, como São Paulo, decidiram retomar atividades neste mês, acrescentou.
APOIO DE BANCOS
Moraes afirmou que o setor conseguiu aceno do Banco Central para que os bancos de montadoras também possam acessar linha de crédito para financiamento de suas redes de concessionárias e vendas de veículos. Segundo ele, “nas próximas semanas”, alguns dos bancos de montadoras já terão acesso ao instrumento.
Ele comentou ainda que houve avanços na discussão do setor para utilização de cerca de 25 bilhões de reais em créditos tributários acumulados e retidos pela União. As montadoras discutem há meses com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos privados empréstimos para reforçarem suas posições de capital e querem usar os créditos acumulados como garantia.
Em meados de maio, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que a possibilidade de uso desses créditos como garantia dependia do Ministério da Economia.
“Houve um avanço importante, estamos começando a discutir como monetizar os créditos tributários”, disse o presidente da Anfavea sem dar mais detalhes.
Por: Reuters