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“Vai governar São Paulo, rapaz. Deixa de ser maluco”, respondeu Paulo Guedes ao governador João Doria, após insistência para que o chefe da pasta da economia deixasse o cargo.
“Me sinto atravessando um rio no lombo de um monte de jacaré. Toda hora pulo de um jacaré para o outro. Aí, de repente, vejo os críticos jogando pedra. Eu pulando de um jacaré para o outro, e os caras vendo se me derrubam para o jacaré me comer. O negócio é incompreensível. Um dia, por exemplo, me liga o João Doria e diz: “Paulo, pelo amor de Deus, sai daí. Salva a sua biografia. O presidente vai cair. Mais dois meses, ele vai estar no chão. O Supremo vai fazer isso…”. Aí, eu disse: “João, você está louco? Vai governar São Paulo, rapaz. Deixa de ser maluco”, disse o ministro Paulo Guedes em entrevista à revista Veja.
Houve um movimento real para desestabilizar o governo? Houve, sim, um movimento para desestabilizar o governo. Não é mais ou menos, não. Tinha cronograma. Em sessenta dias iriam fazer o impeachment. Tinha gente da Justiça, tinha o Rodrigo Maia, tinha governadores envolvidos. O Doria ligou para mim e disse assim: “Paulo, é a chance de salvar a sua biografia. Esse governo não vai durar mais de sessenta dias. Faz um favor? Se salva”.
E o que o senhor fez depois? Liguei para cada um dos ministros do Supremo para tentar entender o que estava acontecendo. Conseguimos desmontar o conflito ouvindo cada um deles. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, sugeriu que o governo deveria dar um sinal, caso estivesse realmente interessado em pacificar as relações. A demissão do Weintraub foi uma sinalização. Liguei também para o ministro Barroso e para o ministro Fux.
A democracia esteve em algum momento em risco? Não, jamais. Mas teve um momento de muita tensão, quando o Supremo sinalizou que podia apreender os telefones do presidente da República. Me lembro que teve uma reunião de ministros e o Weintraub chamando para o pau. O presidente chegou lá bufando: “Fala aí, Abraham, fala aí, Abraham”. Aí o Abraham: “Quero saber quem está comigo. Eu vou partir para cima do Supremo, e o Supremo vai querer me prender. Antes de ele me prender, vou fazer uma passeata e partir para cima do Supremo e quero saber qual ministro está comigo e quem está com os traidores”. Nessa hora, eu interferi. Disse que estávamos caindo numa armadilha, que o script já estava montado, que aquilo era inapropriado. Os generais presentes me apoiaram. Sugeri ao presidente mandar o Weintraub para o Banco Mundial, em junho. A partir daí, as coisas se acalmaram entre o governo e o STF.
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