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A decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando-a a 10,50% ao ano na última quarta-feira (8), ao invés de 0,5 ponto percentual como ocorreu em quedas anteriores, gerou divergências entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária), conforme avaliação de economistas. Quatro diretores votaram pela redução de 0,5 ponto percentual, enquanto outros cinco membros optaram por 0,25.
Segue abaixo a divisão dos votos:
Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual:
– Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente);
– Carolina de Assis Barros;
– Diogo Abry Guillen;
– Otávio Ribeiro Damaso; e
– Renato Dias de Brito Gomes.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual:
– Ailton de Aquino Santos;
– Gabriel Muricca Galípolo;
– Paulo Picchetti; e
– Rodrigo Alves Teixeira.
O voto decisivo foi do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina no fim de 2024.
Segundo análise do doutor em economia e professor da Universidade Mackenzie Hugo Garbe, a falta de consenso no Copom sugere uma clara divisão entre os novos diretores e os que vieram da gestão anterior. Isso pode refletir não apenas diferenças técnicas na avaliação da economia, mas também aspectos políticos, dada a influência no processo de nomeação.
De acordo com Garbe, a disputa entre Campos Neto e Galípolo pode se intensificar à medida que se aproxima o término do mandato do atual presidente do Banco Central. A presença de votações divididas pode evidenciar as diferenças ideológicas e estratégicas dentro da instituição.
O presidente do Conselho Regional de Economia, César Bergo, observou que a divisão no Copom ficou clara, refletindo também uma divisão no mercado. Ele apontou que cerca de 55% do mercado previa um corte de 0,25, enquanto 45% acreditavam em um corte de 0,50. Essa divisão, segundo ele, também se manifestou dentro do Banco Central.
O comunicado do órgão destacou que a decisão foi tomada devido ao ambiente externo mais adverso, marcado pela incerteza referente à flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e à velocidade da queda da inflação em diversos países.
Newton Marques, economista e especialista em educação financeira, afirmou que a decisão do Banco Central de reduzir o ritmo de queda da Selic se baseia em expectativas menos favoráveis para a inflação em 2024 e 2025, incluindo possíveis pressões do mercado de trabalho. Ele ressaltou que as expectativas do IPCA para esses anos podem se estabilizar dentro do intervalo de metas de inflação, o que poderia beneficiar a política fiscal e a retomada da atividade econômica.
Sobre os impactos da desaceleração do corte da Selic, Bergo mencionou que a mudança de direção do BC é vista negativamente pelo mercado, gerando preocupações, como evidenciado pelos indicadores do dólar e da Bolsa. Garbe acrescentou que a inclinação dos novos membros para taxas de juros mais baixas, contrastando com a abordagem mais cautelosa da gestão atual, pode ter diversas consequências, incluindo estímulo ao crescimento econômico e ao investimento, mas também riscos de aumento da inflação e impactos na percepção de risco-país e na cotação do real.