Coronavírus

Amazonas lidera lista de pior desempenho no combate à Covid-19

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Amazonas lidera a lista de pior desempenho no combate ao coronavírus entre as 27 unidades da federação, mostra o Ranking Covid-19 dos Estados, elaborado pelo CLP (Centro de Liderança Pública) e obtido com exclusividade pelo Estadão.

O Amazonas não só aparece no topo da lista hoje, como está nessa posição desde o início do acompanhamento do CLP, em 1.º de abril, há sete semanas.

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Com nota 71,72, o Amazonas também aparece bem distante do segundo e do terceiro colocados, o Pará e o Amapá, com notas de 46,66 e 43,23. Nesse ranking, quanto maior o número, pior é a avaliação no combate à doença. “O Amazonas esteve sempre na 1ª posição, devido à evolução de casos e mortes e à baixa transparência e isolamento”, explica o Head de Competitividade do CLP, José Henrique Nascimento.

Segundo o levantamento, o Amazonas tem taxa de mortalidade por coronavírus de 7,02%, acima da média nacional (4,58%), e a maior proporção de infectados por milhão de habitantes (pmh), em torno de 4.630. A ocupação dos leitos de UTI no Estado é de 87%, conforme a secretaria de Saúde. De acordo com os números mais atualizados do Ministério da Saúde, o Amazonas é o quarto em número de casos de Covid-19 no País, com 25.367, e o sexto em vítimas fatais (1.620).

O Estado nortista também lidera com folga, mostrando taxa de 34 09%, a mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um dos sintomas mais sérios da Covid-19 e uma indicação de subnotificação da doença, com 138 casos por milhão de habitantes.

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Pará e Amapá, por sua vez, têm realidades opostas. O Pará tem a segunda maior taxa de mortalidade por coronavírus do País (9 31%), embora o número de casos por milhão de habitantes (pmh) esteja relativamente em linha com a média nacional (1.355). Já o Amapá tem porcentual baixo de vítimas fatais, de 3,01%, mas é vice-líder em casos por milhão de habitantes (4.422).

Fechando o Top 5 de Estados com atuação mais desfavorável contra o coronavírus, aparecem o Rio de Janeiro, que tem a maior taxa de mortalidade por Covid-19 do País (11,50%), e Pernambuco, com a terceira taxa de mortalidade mais alta (8,16%). Com três Estados na liderança do ranking, o Norte tem a pior nota entre as regiões, seguido do Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. O Sudeste, porém, puxado por Rio e São Paulo, eleva a média nacional de mortalidade, com 6,74%.

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O ranking conta com atualização semanal (a última foi feita no dia 20/05) e usa a mesma metodologia do Ranking de Competitividade dos Estados, também elaborado pelo CLP e que vai para sua nona edição este ano. Para análise da atuação perante à pandemia, são usados nove indicadores: a proporção de casos confirmados, a evolução dos casos (em escala logarítmica) e o porcentual de mortalidade de Covid-19, conforme números do SUS, assim como os mesmos indicadores para SRAG, fornecidos pela Fiocruz, além do Índice de Transparência da Covid-19, da Open Knowledge Brasil, e de dados de isolamento social, do Google.

O uso de números de SRAG e do índice de transparência ajudam a minorar a falta de informação sobre o coronavírus devido à subnotificação de casos diante da falta de testes, segundo Nascimento, o Head de Competitividade do CLP. “O ranking vai além dos dados oficiais e dá uma perspectiva mais correta do que está acontecendo nos Estados”, diz o Head de Inteligência Técnica do CLP, Daniel Duque.

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A combinação de informações, como a taxa de isolamento e a evolução dos casos, também permite antecipar os dados oficiais e pode dar indicações da situação dos Estados nos próximos dias, mesmo que as autoridades pequem na transparência, apontam Nascimento e Duque.

É o caso, por exemplo, do Pará, que, há cinco semanas, aparecia na 11ª posição e, hoje, ocupa a vice-liderança do ranking. Recentemente, o Estado adotou medidas mais rígidas de isolamento social e aparece em uma posição mais intermediária em relação à evolução de casos, mas, segundo a secretaria de Saúde, a taxa de ocupação da UTI para adultos em hospitais sob gestão do Estado é de 84,56%.

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Por outro lado, Nascimento argumenta que o Rio Grande do Sul, com ações diferenciadas em cada região e um esforço de contabilização dos casos, conseguiu alguma estabilização do número de infectados e mortes e tem feito um relaxamento gradual da quarentena com sucesso, mantendo-se nas últimas colocações. Hoje, ocupa a 20.ª, com taxa de mortalidade aquém da média nacional, de 3,79%, e baixo número de infectados por milhão (cerca de 306). Além disso, a taxa de ocupação de leitos de UTI Adulto é de 72,90%, segundo informações da Secretaria de Saúde.

Nascimento destaca ainda que o ranking sugere que alguns entes federativos podem ter tido um relaxamento prematuro do isolamento social, como o Distrito Federal (DF). Com a adoção de medidas rígidas logo cedo, o DF há três semanas estava na 22.ª colocação. Agora, subiu para a 15.ª posição.

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Criado para identificar os locais com maior necessidade de amparo em meio à pandemia, o Ranking Covid-19 dos Estados logo também se mostrou uma ferramenta útil para planejar melhor as ações de enfrentamento ao vírus nos dias vindouros, por meio de dados e evidências. Assim, o CLP diz que é possível contribuir, através de parcerias, com os Estados que têm maior dificuldade. Neste ano, a edição do Ranking de Competitividade vai usar os dados relacionados ao coronavírus, para avaliar como a pandemia afetou os diversos indicadores estaduais.

“São Estados (em pior situação) para os quais precisamos ter um olhar mais apurado para entender como apoiá-los com políticas públicas e ações que consigam mitigar os efeitos do coronavírus” frisa Nascimento, destacando que o empenho visa a evitar uma piora abrupta dos indicadores sociais. “É possível fazer um direcionamento estratégico”, completa, sobre a capacidade do ranking de antecipar a situação no futuro próximo.

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O CLP é uma organização apartidária e sem fins lucrativos focada no desenvolvimento de líderes públicos que possam promover mudanças por meio da eficácia da gestão e da melhoria da qualidade das políticas públicas.

O que dizem os Estados

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Segundo nota do governo do Amazonas, um estudo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) indica que há atualmente, em Manaus, cerca de 85.000 casos ativos de Covid-19, o que implica afirmar que a taxa de letalidade pode ser bem menor do que a apresentada atualmente. O Estado ainda disse que tem trabalhado para ampliar a rede de assistência de saúde, que foi um dos primeiros a adotar o isolamento social e está tentando aumentar a capacidade de testagem, mas que enfrenta dificuldades e já solicitou apoio do governo federal. Sobre os números de SRAG, afirmou que são influenciados pela sazonalidade do inverno amazônico e agravado pelos casos de Covid-19. Em relação à transparência, disse que foi classificado como o 10º melhor Estado do Brasil em estudo divulgado nesta quinta-feira (21) pela Transparência Internacional.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou, por meio de nota, que todas as medidas são adotadas de forma coordenada com outros órgãos para o combate ao coronavírus. A secretaria disse ainda que está disseminando informações à população, visando manter o distanciamento social, com a recomendação de que as pessoas que não estejam envolvidas em atividades essenciais e não inseridas nas atividades profissionais que foram liberadas permaneçam em casa. A secretaria do DF afirmou também que estão sendo realizados testes rápidos e que vem aumentando gradativamente o número de leitos de UTI.

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O Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou, por meio de nota, que implementou uma série de medidas e ações para aperfeiçoar a transparência e o controle de gastos emergenciais durante o período de pandemia, além de manter atualizado diariamente o boletim com informações sobre a doença no território fluminense.

Questionados, os governos do Pará e de Pernambuco não responderam.

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