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A conservadora alemã Ursula von der Leyen se tornou nesta terça-feira, 16, a primeira mulher presidente da Comissão Europeia, o cargo mais cobiçado do bloco.
Vice-presidente do partido União Democrata Cristã (CDU) e ministra da Defesa do governo da chanceler Angela Merkel, von der Leyen recebeu 383 votos a favor contra 327 dos eurodeputados, durante votação na Eurocâmara em Strasburgo, na França.
A nova presidente da Comissão Europeia somente recebeu nove votos a mais do mínimo necessário para sua aprovação ao cargo, estipulado em 374. Em 2014, seu antecessor Jean-Claude Juncker obteve 422 votos. Von der Leyen assumirá o posto até 2024, já que os mandatos para a presidência da Comissão Europeia duram cinco anos.
“Me sinto muito honrada pela confiança depositada em mim, que é a confiança depositada na Europa”, disse após ser informada do resultado da votação, convocando o trabalho “de maneira construtiva” por uma Europa “unida e forte”.
A conservadora assume em meio a um momento de forte polarização na Europa, onde algumas vertentes nacionalistas dos países do bloco defendem a dissolução da União Europeia, movidos pelo euroceticismo. O número de votos próximo ao mínimo surpreendeu as classes políticas.
Cálculos feitos pelos principais grupos políticos da Eurocâmara antes da votação indicavam que Von der Leyen contava com os apoios dos 182 deputados do Partido Popular Europeu, coalizão do qual o CDU faz parte, dos mais de cem integrantes da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e de praticamente todos os 108 membros da Renovar Europa.
Também respaldariam a candidatura de Von der Leyen outros grupos minoritários, como os 14 eurodeputados italianos do Movimento Cinco Estrelas, mas o resultado da votação secreta mostra que houve divergências.
Somados os apoios, Von der Leyen deveria ter recebido cerca de 400 votos, 20 a mais do que os obtidos na votação realizada nesta terça-feira.
“Ela foi eleita fora da bolha de Bruxelas, o que explica o resultado modesto”, explicou à Agência AFP Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Schuman, que apontou uma “rebelião de socialistas por razões políticas e dos Verdes por razões ideológicas”.
Em seu discurso nesta terça, Von der Leyen prometeu aos eurodeputados esforços para uma redução mais acelerada das emissões de carbono, destinada a fixar a neutralidade climática para 2050. Nas eleições do Parlamento Europeu de maio deste ano, os Verdes conquistaram 67 cadeiras, o maior índice para o grupo desde sua criação.
Também foi priorizado no discurso da alemã medidas voltadas à política social, como salário mínimo, seguro desemprego e garantias para crianças em situações vulneráveis, com o qual buscou o apoio da bancada social-democrata, que até o momento da votação não confirmou o voto unificado a favor de Von der Leyen.
*Com Estadão Conteúdo