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A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta quarta-feira à noite que vai retirar definitivamente o polêmico projeto de lei sobre as extradições para a China, uma grande concessão aos manifestantes pró-democracia.
“O governo retirará oficialmente o projeto de lei para apaziguar por completo as preocupações da população”, declarou Lam em um vídeo divulgado pelo governo.
Esse texto polêmico, que autorizava as extradições para a China continental, foi o que provocou a crise política que abala a ex-colônia britânica há três meses, a mais grave desde a sua devolução à China em 1997.
Após as primeiras manifestações em massa, Lam anunciou a suspensão do projeto em meados de junho. Os manifestantes, temendo o seu retorno, continuaram exigindo nas ruas sua retirada oficial e definitiva.
Ao longo das semanas, os manifestantes estenderam suas reivindicações para denunciar um retrocesso nas liberdades e a crescente interferência da China na região semi-autônoma.
O movimento de contestação mantém ações quase diárias, várias das quais terminaram em confronto.
A possibilidade de Lam e Pequim estarem dispostos a fazer concessões, depois de meses de pouca flexibilidade, foi anunciada nesta quarta-feira ao meio-dia por vários meios de comunicação de Hong Kong e, em seguida, confirmada por um deputado que havia se encontrado com a chefe do Executivo.
– “Não é o suficiente, tarde demais” –
Essas informações, e a esperança de apaziguamento da crise, aqueceram o mercado financeiro. A bolsa de Hong Kong fechou com alta de quase 4%, depois de ter perdido mais de 10% desde o início dos protestos.
As ações da companhia aérea Cathay Pacific, à qual Pequim deu um alerta devido ao apoio de certos funcionários ao movimento, subiram 7,21%.
Mas não é certo que essa concessão seja suficiente para acalmar os manifestantes, que exigem mais mudanças.
“Não é o suficiente, tarde demais”, declarou Joshua Wong, que em 2014 foi o rosto visível do “Movimento dos Guardas-chuva” e que foi preso brevemente na semana passada, durante uma ação contra as principais figuras da atual mobilização.
“Também pedimos ao mundo que esteja atento a essa tática e que não seja enganado por Hong Kong e pelo governo chinês. Na realidade, eles não cederam em nada, e preparam uma repressão em larga escala”, acrescentou.
Nos diferentes fóruns na internet usados pelo movimento pró-democracia também apareceram comentários indicando que isso não significaria o fim dos protestos.
“Mais de mil pessoas foram presas, um número incalculável de feridos”, indicava uma mensagem amplamente divulgada no aplicativo de mensagens Telegram.
“Cinco exigências principais, nenhuma a menos. Libertem HK [Hong Kong], revolução agora”, acrescentava.
Os manifestantes continuam a exigir a introdução do sufrágio universal ou a abertura de uma investigação independente sobre o uso da força pela polícia de Hong Kong.
Por outro lado, Pequim mostrou na terça-feira que quer acalmar a situação. O porta-voz do escritório de negócios de Hong Kong e Macau, Yang Guang, disse que os habitantes da ilha, “incluindo jovens estudantes”, têm o direito de se manifestar “pacificamente”.
Durante os últimos três meses, Lam adotou um tom provocativo, dando a impressão de não pretendia fazer concessões.
Na terça-feira, durante coletiva de imprensa, afirmou que não pretendia renunciar, depois que uma gravação de áudio vazou.
Nela, Lam diz que queria deixar seu posto e que só tinha um espaço de manobra “muito limitado” para resolver a crise.
Por AFP