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Ao menos 126 mineiros morreram em um deslizamento de terra em minas de jade na região norte de Mianmar, perto da fronteira com a China, em uma das piores catástrofes do tipo nos últimos anos no país.
“Os mineiros foram arrastados por uma torrente de lama provocada pelas fortes chuvas”, afirma um comunicado divulgado pelos bombeiros em sua página do Facebook.
“O balanço total até o momento é de 126 mortos”, completa a nota.
“As operações de resgate continuam”, afirmaram fontes do corpo de bombeiros, depois que um comandante de polícia da região indicou que as tarefas de busca haviam sido interrompidas devido às fortes chuvas.
A tragédia aconteceu perto da fronteira com a China, em um vale do cantão de Hpakant que ficou completamente submerso na lama, de acordo com imagens divulgadas pelas equipes de emergência nas redes sociais.
As vítimas trabalhavam na área das minas, apesar das advertências das autoridades para que não seguissem até o local por causa das tempestades, informou à AFP a polícia. “Poderíamos ter ainda mais mortes sem a advertência”, disse uma fonte das forças de segurança.
Dezenas de mineiros morrem a cada ano em Mianmar durante o trabalho na lucrativa, mas pouco regulamentada, indústria de jade, que emprega migrantes mal remunerados para extrair esta pedra semipreciosa com alta demanda na China.
De acordo com a ONG Global Witness, o negócio alcança bilhões de dólares e muitos trabalhadores não estão sequer registrados.
A catástrofe desta quinta-feira era “evitável”, lamentou à AFP Hann Hindstrom, que trabalha para a ONG. Ele afirma que o acidente evidencia a “necessidade urgente” de regulamentar esta indústria.
As minas de jade a céu aberto de Hpakant transformaram a região de difícil acesso em um terreno que parece uma paisagem lunar.
Deslizamentos de terra mortais são frequentes na região. Em 2015, mais de 100 pessoas faleceram em deslizamentos de terra. Em 2019, uma tragédia similar deixou 50 vítimas fatais.
As vítimas são muitas vezes membros de comunidades étnicas desfavorecidas que trabalham de maneira quase clandestina em minas abandonadas.
Os abundantes recursos naturais do norte de Mianmar – incluindo jade, ouro e âmbar – ajudam a financiar os dois lados de uma guerra civil protagonizada há várias décadas por insurgentes da etnia kachin e os militares birmaneses.