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Cristãos perseguidos na Líbia
Em meio a uma guerra civil que assola o país por 9 anos, desde a queda do ditador Muammar Kadafi, a Líbia é um dos países nos quais os cristãos mais têm sido perseguidos no mundo. Relatório da entidade Portas Abertas (Open Doors), em pesquisa realizada para compor a Lista Mundial da Perseguição 2020, concluiu que os cristãos da Líbia estão em uma situação de pressão “extrema”.
A Líbia ocupa o 4º lugar na lista entre os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos no mundo. A situação dramática fez a organização pedir que o Comitê de Direitos Humanos da ONU incluísse a liberdade religiosa em sua revisão programada para outubro. No país, de 6,7 milhões de habitantes, há cerca de 36,2 mil cristãos.
O desrespeito aos direitos humanos acirrou as perseguições, e, por questões de segurança, a maioria dos relatórios sobre convertidos muçulmanos à fé cristã na Líbia não podem ser publicados. Se alguma informação vazar, o risco é grande.
“Os cristãos líbios de origem muçulmana enfrentam uma pressão violenta e intensa das famílias e da comunidade em geral para renunciar à sua fé”, diz o relatório.
A entidade também incluiu um histórico de direitos civis e políticos da Líbia, um país que já foi controlado pela Itália e obteve sua independência em 1949, quando foi unificado pelo regime do monarca Idris I, que durou 20 anos até a ascensão de Kaddafi.
A partir da Primavera Árabe, marcada por revoltas das populações dos países da região contra os governantes, a Líbia passou a viver um vácuo de poder. Kaddafi foi derrubado, e depois morto (em 20 de outubro de 2011), quando o CNT (Conselho Nacional de Transição) já estava atuando.
No entanto, apesar de tentar unificar o país, nomeando um primeiro-ministro, o órgão não conseguiu desmantelar milícias locais, denominadas katibas, que cresceram em meio às revoltas e passaram a lutar para não perder regiões que controlavam e bloquearam campos de exploração de petróleo.
Em paralelo, e em meio a atentados terroristas, não há liberdade de expressão e, apesar de haver a permissão para reuniões, a intolerância tem prevalecido, conforme ressalta o relatório.
“Trabalhadores migrantes cristãos podem se reunir para cultuar na Líbia, mas estão sempre sob risco de ataque por militantes islâmicos e enfrentam discriminação por parte da sociedade líbia. As igrejas para os líbios são proibidas e os cristãos líbios devem manter sua fé em completo segredo. Cristãos que expressam publicamente sua fé e tentam compartilhar a fé cristã com outras pessoas correm o risco de prisão e violência por famílias, comunidades ou militantes islâmicos violentos”.
O radicalismo religioso também cresceu em função de guerras na região, como o Iraque e a Síria. Grupos derrotados nestes países acabaram concentrando suas forças na Líbia, onde também buscavam o controle para instalar um governo islâmico extremista.
“Os cristãos estão em risco em todo o país, mas são especialmente vulneráveis em áreas onde grupos islâmicos radicais estão presentes. O Daesh ainda mantém uma presença na região mais ampla em torno de Sirte. Outros grupos, como aqueles ligados à coalizão Islamic Dawn, controlam áreas ao redor de Trípoli e algumas partes da própria Trípoli. No leste, grupos radicais estão pelo menos presentes em Benghazi”, alerta o estudo.
A Líbia também se tornou um local de chegada de refugiados, vindos da guerra Síria, de crises no Oriente Médio e da miséria em outros países da África, que buscavam chegar à Europa por meio do Mediterrâneo. A escravidão e o tráfico de pessoas se mantêm, mesmo com a pressão internacional.
“Migrantes cristãos mantidos em centros de detenção na Líbia – a maioria de países da África Subsaariana – foram estuprados e espancados. Embora os maus-tratos e a violência não se limitem aos refugiados cristãos, os cristãos são escolhidos para receber tratamento discriminatório e violento muito pior.”, completa o relatório.
*Com informações de R7