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RFI – Todos os jornais franceses desta quinta-feira (26) homenageiam Diego Maradona, morto nessa quarta-feira (25) aos 60 anos. Fotos do ex-jogador estão estampadas na capa de todos os diários, e as manchetes fazem referência à divindade do argentino, “Deus do futebol”, mas também à sua vida de excessos.
Le Figaro diz que a Argentina chora seu ídolo, “l’enfant terrible” do futebol.
Libération usa simplesmente a palavra “Celeste” para definir o “pibe de oro” que se transformou em lenda do futebol. “Assim jogava Maradona: conhecido tanto por seus dribles geniais quanto por todos os seus excessos, ele nos fazia duvidar das leis da física, isto é, da nossa própria morte. Maradona era simplesmente sobrenatural”, define o diário progressista em seu editorial. Por isso, o texto considera “mesquinhos” os três dias de luto decretados pela Argentina após a morte do ex-jogador nessa quarta-feira.
Na “mão de Deus”
Maradona, anjo e demônio, está na “mão de Deus”, escreve Le Parisien, numa referência ao polêmico gol contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, que o craque argentino atribuiu a intervenção da “mão de Deus”. O diário afirma que os dois gols memoráveis de Maradona nessa partida fizeram a lenda do jogador. A vitória esportiva da seleção argentina, que venceu o Mundial, serviu também de revanche, quatro anos após a Guerra das Malvinas.
O jornal revela que o jogador, que se transformou no Deus dos gramados de Nápoles, poderia ter ido jogar no Marselha. No verão de 1989 o clube francês acreditou que conseguiria fazer seu contrato do século. Dirigentes do Marselha, como Bernard Tapie, encontraram secretamente Maradona em Nápoles e disseram sim a todas as exigências do craque – um salário exorbitante (€ 300 mil) e uma casa à beira-mar -, mas o argentino acabou não assinando o contrato.
Gênio autodestrutivo
L’Équipe publica uma edição especial, com 20 páginas dedicadas a Maradona, com a manchete “Deus morreu”. A bíblia esportiva francesa detalha “uma vida de muitas tentações”. Jogador excepcional, personagem ímpar, gênio autodestrutivo, Diego Armando Maradona amou o futebol e a vida com uma paixão irracional. Ele deixa o legado de façanhas incríveis de um atleta, filho de uma família pobre que aprendeu a jogar na rua, e de um homem atraído pelas trevas.
Um dos maiores craques franceses de todos os tempos, Michel Platini, entrevistado por L’Équipe, diz que Maradona era uma “criança-rei”. Durante muito tempo, os dois foram rivais no campeonato italiano. Maradona defendia o Nápoles, e Platini a Juventus.
O Olimpo da história do futebol tem Pelé, Cruyff, Di Staffano, Platini, Zidane, Messi, Cristiano Ronaldo e Maradona. “Muita gente quer oferecer uma coroa ao jogador argentino, apesar dos espinhos. Talvez Maradona não fosse o maior jogador de todos os tempos, mas ele era único e imenso por sua própria vida. Tinha uma técnica louca, magia no pé esquerdo, aceleração soberana e transformou o destino das equipes por onde passou”, descreve L’Équipe.