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RFI – A prefeitura de Paris informou que vai propor um confinamento de três semanas na capital, na expectativa de poder reabrir, na sequência, bares, restaurantes e museus. O projeto foi anunciado logo após o primeiro-ministro Jean Castex alertar, na quinta-feira (25) sobre a aceleração da pandemia de Covid-19 em algumas regiões da França, entre elas Paris e seus arredores. O pedido da prefeitura vai ser analisado pelo governo.
No momento em que as regiões de Nice, no sul da França, e de Dunkerque, no norte do país, se preparam para iniciar um lockdown em vigor apenas nos fins de semana, a prefeitura de Paris quer ir além e confinar totalmente a capital, como aconteceu entre março e maio de 2020, no início da pandemia. Para Emmanuel Grégoire, braço-direito da prefeita Anne Hidalgo, o toque de recolher em vigor atualmente em todo o país, entre 18h e 6h, e o confinamento de algumas cidades apenas nos fins de semana “têm um impacto negativo do ponto de vista social e é pouco eficaz do ponto de vista sanitário”.
“Não podemos viver em um regime semiaberto, de ‘semiprisão’, durante meses. Temos que tomar decisões corajosas”, disse ele, lembrando que a prefeitura também recomenda um retorno ao trabalho remoto “de maneira obrigatória”.
As declarações da prefeitura parecem ter surpreendido a presidência. Logo após o anúncio de Grégoire, o porta-voz do governo, Gabriel Attal, disse que o país vive um momento difícil e não é a hora de “brincar com os nervos dos franceses”.
Segundo o representante da presidência, “há poucos estudos científicos que consideram que um confinamento de três semanas pode acabar com o vírus e permitir que o comércio reabra normalmente”. Valérie Pécresse, presidente da região Île-de-France, onde fica Paris, também se mostrou cética sobre o projeto de um lockdown apenas em uma cidade, lembrando que diariamente milhares de pessoas dos municípios vizinhos atravessam a capital por razões profissionais.
Nesta tarde, foi a vez do primeiro-ministro francês, Jean Castex, também reagir. “Vocês ouviram a prefeita de Paris dizer que é preciso confinar por três semanas e depois acabou. Mas vocês sabem muito bem que, com as variantes, não é possível”, declarou o premiê. “Não se pode falar absurdos”, insistiu.
A possibilidade de um bloqueio em março, às vésperas do início da primavera, após um inverno marcado por restrições, também não agradou parte da opinião pública.
Críticas e disputa política em pano de fundo
Diante das críticas imediatas da oposição e dos comentários negativos de parte da opinião pública, Emmanuel Grégoire amenizou suas declarações. Na manhã desta sexta-feira, ele disse que foi mal interpretado. “Isso nunca foi uma proposta, e sim uma hipótese que nós desejamos levar para a discussão”, ponderou.
A presidência informou que estuda todos os cenários possíveis. A proposta – ou hipótese – de Paris vai ser debatida com as autoridades regionais de saúde e de segurança, além de representantes do governo, na próxima semana.
O episódio foi denunciado pelos rivais de Anne Hidalgo, alegando que os anúncios da prefeitura de Paris foram feitos apenas para chamar a atenção para a prefeita. Anne Hidalgo já se posiciona como candidata à presidência francesa na eleição de 2022 e essa não é a primeira vez que ela vai na contramão das indicações dadas pelas equipes de Emmanuel Macron, reforçando uma rivalidade política que tem tudo para continuar de pano de fundo nos próximos meses.