AP – Uma gangue que sequestrou 17 membros de um grupo missionário sediado nos Estados Unidos exigiu um resgate de US $ 17 milhões por eles, segundo o ministro da Justiça do Haiti, citado pelo Wall Street Journal.
O ministro da Justiça, Liszt Quitel, disse que a gangue exigia US $ 1 milhão por pessoa. Quitel não retornou mensagens imediatamente para comentar, mas também confirmou o número ao New York Times. O jornal disse que identificou as idades das crianças sequestradas como 8 meses e 3, 6, 14 e 15 anos.
Uma onda de sequestros provocou uma greve de protesto que fechou empresas, escolas e transporte público em um novo golpe para a economia do Haiti, e sindicatos e outros grupos prometeram continuar o fechamento na terça-feira.
Agentes do FBI e outras autoridades americanas estão ajudando as autoridades haitianas a caçar 12 adultos e cinco crianças ligados ao Ministério de Ajuda Cristã em Ohio, que foram sequestrados no sábado durante uma viagem para visitar um orfanato.
É o maior sequestro desse tipo relatado nos últimos anos, com gangues haitianas cada vez mais descaradas e os sequestros aumentando enquanto o país tenta se recuperar do assassinato do presidente Jovenel Moïse em 7 de julho e de um terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o sul do Haiti em 14 de agosto e matou mais de 2.200 pessoas.
“Estamos convocando as autoridades a agirem”, disse Jean-Louis Abaki, um mototaxista que aderiu à greve na segunda-feira para denunciar os assassinatos e sequestros no país mais pobre do hemisfério.
Com as ruas geralmente caóticas da capital do Haiti silenciosas e praticamente vazias na segunda-feira, Abaki disse que se o primeiro-ministro Ariel Henry e o chefe da Polícia Nacional, Léon Charles, quiserem permanecer no poder, “eles têm que dar uma chance à população de segurança”.
A polícia haitiana disse à Associated Press que o sequestro de 16 americanos e um canadense foi executado pela gangue 400 Mawozo, um grupo com um longo histórico de assassinatos, sequestros e extorsões. Em abril, um homem que alegou ser o líder da gangue disse a uma estação de rádio que ela foi responsável pelo sequestro de cinco padres, duas freiras e três parentes de um dos padres naquele mês. Posteriormente, eles foram soltos.
Pelo menos 328 sequestros foram denunciados à Polícia Nacional do Haiti nos primeiros oito meses de 2021, em comparação com um total de 234 em todo o ano de 2020, disse um relatório do mês passado pelo Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti.
As gangues foram acusadas de sequestrar crianças em idade escolar, médicos, policiais, passageiros de ônibus e outros, à medida que se tornam mais poderosos e exigem resgates que variam de algumas centenas de dólares a milhões de dólares.
Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, disse que as autoridades americanas têm mantido contato constante com a Polícia Nacional do Haiti, o grupo missionário e os parentes das vítimas.
“Isso é algo que temos tratado com a maior prioridade desde sábado”, disse ele, acrescentando que as autoridades estão fazendo “tudo o que podemos para buscar uma solução rápida para isso”.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que o aumento da violência de gangues afetou os esforços de socorro no Haiti. Ele disse que o residente da ONU e coordenador humanitário relatou que “violência, saques, bloqueios de estradas e a presença persistente de gangues armadas representam obstáculos ao acesso humanitário. A situação é ainda mais complicada por uma grave escassez de combustível e o reduzido fornecimento de bens. ”
Dujarric disse que o governo do Haiti deve redobrar os esforços para reformar e fortalecer o departamento de polícia para lidar com a segurança pública e que todos os crimes devem ser investigados.
Christian Aid Ministries disse que o grupo sequestrado incluía seis mulheres, seis homens e cinco crianças, incluindo uma criança de 2 anos. Uma placa na porta da sede da organização em Berlin, Ohio, informava que ela estava fechada devido à situação de sequestro.
Entre os sequestrados estavam quatro crianças e um dos pais de uma família de Michigan, disse o pastor ao The Detroit News. O mais novo da família tem menos de 10 anos, disse o ministro Ron Marks, que se recusou a identificá-los. Eles chegaram ao Haiti no início deste mês, disse ele.
Dois cristãos viajantes pararam na sede da organização na segunda-feira com duas crianças pequenas para entregar pacotes para nações empobrecidas. Tirtzah Rarick, originalmente da Califórnia, disse que ela e um amigo oraram no domingo com aqueles que tinham parentes entre os abduzidos.
“Embora seja doloroso e nos provoque às lágrimas que nossos amigos e parentes, nossos queridos irmãos e irmãs, estejam sofrendo agora de uma forma física, mental e emocional muito real, é reconfortante para nós podermos trazer esses pesados fardos ao Deus que adoramos ”, disse ela.
A notícia dos sequestros se espalhou rapidamente dentro e ao redor do condado de Holmes, Ohio, centro de uma das maiores populações de amish e menonitas conservadores do país, disse Marcus Yoder, diretor executivo do Amish & Mennonite Heritage Center na vizinha Millersburg, Ohio.
Christian Aid Ministries é apoiado por conservadores menonitas, amish e grupos relacionados na tradição anabatista.
A organização foi fundada no início dos anos 1980 e começou a trabalhar no Haiti no final daquela década, disse Steven Nolt, professor de história e estudos anabatistas do Elizabethtown College, na Pensilvânia. O grupo tem uma equipe missionária durante todo o ano no Haiti e em vários países, disse ele, e envia suprimentos religiosos, escolares e médicos para todo o mundo.
Os anabatistas conservadores, embora discordem sobre tecnologia e outras questões, compartilham tradições como modesto, roupas simples, separação da sociedade dominante, congregações estritamente disciplinadas e uma crença na não resistência à violência.
As comunidades Amish e Menonita no condado de Holmes têm uma conexão estreita com organizações missionárias que servem o Haiti.
Todo mês de setembro, no Leilão de Benefícios Ohio Haiti, móveis feitos à mão, colchas, lenha e ferramentas são vendidos, e frango assado, feijão e arroz haitiano são servidos. O evento normalmente traz cerca de US $ 600.000, que são divididos entre 18 grupos missionários, disse Aaron Miller, um dos organizadores.
