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Ansa- Durante a “missa do galo” desta sexta-feira (24), véspera de Natal, o papa Francisco defendeu a dignidade dos pobres e dos trabalhadores no mundo atual, fazendo um paralelo com o que é visto no presépio de Jesus.
Para Francisco, o maior pedido de Natal é pedir a “graça da pequenez” em um mundo que é tão desejoso de grandes imagens, honrarias e altos cargos.
“Isso é o que temos que pedir de Natal: a graça da pequenez. Senhor, nos ensine a amar a pequenez e ajude a entender que esse é o caminho para verdadeira grandeza. Mas, o que significa acolher a pequenez? O primeiro ponto é acreditar que Deus está nas pequenas coisas da vida, quer estar nas nossas realidades cotidianas, nos gestos simples que fazemos em casa, na família, na escola, no trabalho. É na nossa vivência ordinária que faremos coisas extraordinárias”, disse aos fiéis.
“E essa é uma mensagem de grande esperança porque Jesus nos ensina a valorizar e redescobrir as pequenas coisas da vida. Se ele está conosco ali, o que nos falta? Deixemos para trás a busca pela grandeza que não temos. Renunciemos às reclamações e às caras fechadas, à ganância que nos deixa insatisfeitos”, continuou.
Em outra parte da homilia, Francisco alertou para quem são os “pequenos” da nossa sociedade atual. “É amar os últimos, servir Jesus nos pobres. São eles os mais parecidos com Jesus, que nasceu pobre e é neles que Jesus é honrado”, acrescentou.
Para o líder católico, a noite de Natal deve ter apenas uma preocupação para os cristãos, que é “ferir o amor de Deus, ferindo-o desprezando os pobres com a nossa indiferença” porque são eles os “preferidos de Deus”.
Falando sobre os trabalhadores, o Papa fez um paralelo entre os pastores, que foram os mais “próximos de Jesus porque estavam trabalhando” e a sociedade atual. Segundo Jorge Mario Bergoglio, também os pastores eram pobres e não “podiam escolher o horário de trabalho”, por isso, tinham que seguir o ritmo de suas cabras.
“Jesus nasceu ali, perto dos pastores, perto da periferia. Ele está onde a dignidade do homem é colocada à prova. Ele veio para os excluídos e se revela para eles, não para personagens cultos e importantes, mas para os pobres que trabalhavam”, pontuou.
Em um trecho mais duro, Francisco afirmou que “é importante dar dignidade para o homem com o trabalho, mas também dar dignidade ao trabalho do homem porque ele é o senhor, não o escravo do trabalho”. “No dia da Vida, vamos repetir: chega de mortes no trabalho. E nos empenhemos sobre isso”, disse ainda.
Falando ainda sobre riqueza e pobreza, o Papa pediu um olhar novo para o presépio em que se perceba que, ao lado de Jesus, os “pobres e os ricos”, na figura dos pastores e dos Reis Magos, se misturam e tudo congrega de maneira conjunta. “Tudo se recompõe quando o centro é Jesus. Não nossas ideias sobre o que é Jesus, mas quem ele é”, pontuou.
A celebração deste ano, ao contrário do que aconteceu em 2020, contou com a presença de cerca de 1,5 mil fiéis e foi realizada na Basílica de São Pedro. No entanto, o Pontífice manteve a determinação de realizar a missa duas horas antes do horário tradicional, como ocorreu no ano passado, mesmo sem a Itália viver sob toque de recolher.
Do lado de fora da instituição, na Praça São Pedro, centenas de pessoas também foram para acompanhar a celebração. .