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Em discurso na Assembleia-Geral da ONU nesta segunda-feira (28), o Brasil voltou a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, um dia após o presidente Jair Bolsonaro dizer que o país ficará neutro na crise.
“Nos últimos anos, temos visto uma deterioração progressiva da situação de segurança e do balanço de poder na Europa Oriental. O enfraquecimento dos Acordos de Minsk por todas as partes e o descrédito das preocupações com a segurança vocalizadas pela Rússia prepararam o terreno para a crise que estamos vendo. Deixe-me ser claro, no entanto: esta situação não justifica o uso da força contra o território de um estado membro”, disse Ronaldo Costa Filho, embaixador brasileiro na ONU, na tribuna da organização.
Costa Filho pediu que os órgãos da ONU trabalhem de forma conjunta em busca de soluções, pois a crise atual pode ter impacto muito mais amplo se não for contida.
“Estamos sob uma rápida escalada de tensões que pode colocar toda a humanidade em risco. Mas ainda temos tempo para parar isso”, alertou.
A Assembleia-Geral realiza uma reunião extraordinária nesta segunda (28) para tratar da crise na Ucrânia. O evento, que começou por volta das 10h em Nova York (12h em Brasília), deve ter discursos de representantes de mais de cem países e debater uma resolução condenando a invasão russa.
No entanto, a assembleia não tem poder para aplicar medidas, como sanções ou envio de missões de paz. Apenas o Conselho de Segurança tem autoridade para isso. O CS é formado por 15 países, sendo cinco fixos e com poder de veto e mais dez em vagas rotativas. O Brasil atualmente ocupa uma posição temporária. Como a Rússia é membro permanente, pode barrar medidas contra si mesma.
Esta é apenas a 11ª vez que uma reunião emergencial da Assembleia-Geral da ONU é convocada desde a criação da entidade, em 1945. A convocação faz parte de uma estratégia para aumentar a pressão sobre a Rússia e desviar do poder de veto que Moscou tem no CS.
O conselho realizou quatro reuniões para tratar da guerra na última semana. Uma resolução para condenar a invasão teve apoio de 11 dos 15 membros, mas a Rússia usou seu poder de veto. O Brasil votou a favor da resolução.