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As forças russas assumiram o controle da maior usina nuclear da Europa na sexta-feira depois que seu ataque ao local provocou um incêndio e temores de um colapso nuclear, mas aparentemente não liberou radiação.
O incêndio na fábrica de Zaporizhzhia, localizada no sudeste da Ucrânia, foi extinto na sexta-feira, mas não antes de espalhar preocupações sobre o potencial de consequências catastróficas em todo o continente.
O presidente russo, Vladimir Putin, que anteriormente levantou o espectro de uma guerra nuclear na Europa, disse na sexta-feira que “não tinha má intenção” em relação aos países vizinhos, mas alertou contra fazer qualquer coisa que possa “escalar a situação”.
Com a invasão entrando em sua segunda semana, ele intensificou seu ataque à Ucrânia e aprofundou a repressão à dissidência em casa. As forças russas obtiveram ganhos no sul da Ucrânia e sitiaram grandes cidades, agravando uma grave crise humanitária, apesar de algum progresso nas negociações entre os dois países.
O incêndio na usina, que eclodiu após intensos combates entre tropas russas e forças ucranianas, foi extinto várias horas depois de ter disparado o alarme nas capitais mundiais.
O chefe da agência atômica das Nações Unidas disse que um “projétil” russo atingiu um centro de treinamento na usina e que nenhuma radiação foi liberada.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, lamentou que as forças russas estivessem na usina, mas os ucranianos estavam no controle do reator. As autoridades ucranianas disseram que as forças russas “ocuparam” o local.
O Ministério da Defesa da Rússia também disse que a usina estava funcionando normalmente e que suas forças estavam no controle, mas atribuiu o incêndio a um “ataque monstruoso” de sabotadores ucranianos. Ele não ofereceu nenhuma evidência para a alegação.
O incidente evocou memórias do maior desastre nuclear do mundo em Chernobyl , na Ucrânia, em 1986. Esse local agora também é ocupado por forças russas.
Em um emocionante discurso em vídeo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy acusou as forças russas de atacar deliberadamente a usina de Zaporizhzhia.
“Eles sabem onde estão atirando”, disse ele em uma mensagem postada no Telegram.
“Se houver uma explosão, é o fim para todos nós. O fim da Europa. A evacuação da Europa.”
O presidente Joe Biden e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson conversaram com Zelenskyy quando o incidente provocou uma enxurrada de atividades noturnas de líderes mundiais.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou as ações da Rússia, dizendo que o bombardeio “apenas demonstra a imprudência desta guerra, a importância de acabar com ela e a importância de a Rússia retirar todas as suas tropas e se engajar de boa fé nos esforços diplomáticos”.
O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião urgente na sexta-feira sobre o assunto, após pedidos dos Estados Unidos e outros.
Enerhodar, a cidade produtora de energia crucial perto da usina Zaporizhzhia, era apenas uma das frentes onde as forças russas estavam avançando no sul da Ucrânia.
A cidade portuária estratégica de Kherson, no rio Dnieper, ficou sob controle russo na quinta-feira, a primeira grande cidade que eles conquistaram desde o lançamento de sua invasão na semana passada. Ao longo da costa, Mariupol, uma grande cidade no mar de Azov, permaneceu nas mãos dos ucranianos, mas foi cercada e bloqueada pelas forças russas. Estava enfrentando intenso bombardeio e estava sem eletricidade, calor ou água.
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, disse na sexta-feira que a situação no país estava em um “ponto de inflexão”.
“A situação no sul continua difícil”, disse ele, e decisões difíceis tiveram que ser tomadas sobre onde posicionar as forças do país.
