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Na última terça-feira (6), o governo boliviano admitiu que o narcotráfico está presente em instituições importantes como a polícia, a alfândega, os aeroportos e a companhia aérea estatal Boliviana de Aviación (BoA). Na semana anterior, foi divulgado que membros dessas instituições permitiram o transporte de 484 quilos de cocaína para Madri em um voo comercial no dia 12 de fevereiro e, além disso, não permitiram que o incidente fosse detectado pelos mecanismos de segurança interna. De acordo com a BBC, uma organização internacional do narcotráfico, com conexões entre Bolívia e Espanha, é suspeita de ser a beneficiária desta rede de conivência dentro do Estado.
O opositor José Carlos Sánchez ressaltou que polícias de países como Espanha, Brasil, Chile e Paraguai têm ignorado as investigações da polícia boliviana em casos de tráfico de drogas que envolvem a Bolívia, o que é considerado uma condenação. Os relatórios do governo boliviano sobre os 478 quilos de cocaína apreendidos em um avião da estatal BoA foram confusos e acabaram por colocar o próprio governo em situação delicada, já que indicavam que o responsável pelo envio da droga seria o motorista do veículo que transportou as carretas do aeroporto até a aeronave.
Cinco funcionários da companhia aérea foram investigados e descobriu-se que quatro deles tinham histórico de atividades de tráfico de drogas, segundo a polícia, enquanto as investigações continuam.
Segundo informações não confirmadas pela imprensa, um grupo criminoso que opera na Bolívia e na Espanha, supostamente comandado por um narcotraficante boliviano de apelido “Colla”, estaria por trás do carregamento. Suspeitam também que a “fuga do narcotráfico” foi precedida e seguida por outras operações idênticas, também encobertas pela mesma rede de funcionários de instituições bolivianas.
Os ministros responsáveis pelas agências estatais envolvidas no caso do “narco-voo” realizaram uma coletiva de imprensa na terça-feira com o intuito de responder às críticas que estavam sendo feitas nos últimos dias. O episódio em questão é referente a um voo da BoA em fevereiro deste ano, no qual 500kg de drogas foram encontrados na aeronave comercial da principal companhia aérea do país, que estava estacionada no aeroporto Adolfo Suarez, em Madri. O caso gerou uma grande repercussão no país, sendo abordado por quase uma semana. Tanto o ex-presidente e líder da oposição Evo Morales, quanto o ex-presidente Carlos Mesa, também da oposição, culparam o governo de Luis Arce pelo episódio.
“A proteção ao narcotráfico por parte dos ministros de Arce está claramente comprovada”, tuitou Morales, que elevou Arce à presidência e a quem agora acusa de liderar a “direita interna” de seu partido. Mesa exigiu a intervenção das entidades envolvidas: “O enorme carregamento de cocaína transportado com BoA mostra a penetração do narcotráfico nos governos [do Movimento pelo Socialismo, de Morales e do partido de Arce] e a cumplicidade institucional e política”, escreveu.