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A China enviou um micro-organismo terrestre primitivo para o espaço nesta quinta-feira (18) para estudar sua capacidade de sobrevivência em condições semelhantes às de Marte. O objetivo é ajudar a resolver o mistério da possível existência de vida extraterrestre.
O micro-organismo, uma arqueobactéria encontrada em ambientes pobres em oxigênio, como os fundos marinhos, os arrozais e os estômagos dos ruminantes, foi transportado pela nave de carga Tianzhou-7 para a estação espacial chinesa. Lá, ele será submetido a uma experiência que o exporá a radiações cósmicas, microgravidade e temperaturas extremas.
O professor Liu Zhu, do Departamento de Ciências do Sistema Terrestre da Universidade de Tsinghua, explicou que a experiência tem como objetivo testar se o micro-organismo, uma das formas de vida mais antigas da Terra, pode viver em um ambiente semelhante ao de Marte.
De acordo com o especialista, a experiência pode fornecer uma nova perspectiva para explorar a possível existência de vida em outros planetas, especialmente em Marte. A sonda norte-americana Curiosity detectou várias vezes sinais de metano de origem desconhecida no planeta vermelho.
Os cientistas especularam que esse metano poderia ser o resultado do metabolismo de algum tipo de organismo extraterrestre. A arqueobactéria produtora de metano poderia ser uma das potenciais formas de vida em Marte ou na lua Titã de Saturno.
As técnicas atuais, no entanto, não permitem a detecção de sinais de vida extraterrestre em Marte ou em outros planetas, devido ao elevado custo e baixa precisão. Liu propôs uma experiência de verificação inversa, ou seja, enviar o micro-organismo para o espaço e testar se consegue adaptar-se e produzir metano.
“Se conseguir sobreviver e crescer nesse ambiente, então poderá provar que a vida primitiva na Terra pode existir e prosperar num ambiente extraterrestre. Também nos daria grande pista de que o metano encontrado em Marte poderia ter origem biológica e que essa vida poderia ser homóloga à vida na Terra”, disse.
A estação espacial de Tiangong, que vai funcionar durante cerca de dez anos, tornar-se-á provavelmente a única do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos, for retirada este ano.
A China investiu fortemente em seu programa espacial e alcançou êxitos como a aterrissagem da sonda Chang`e 4 no lado mais distante da Lua e a colocação de uma sonda em Marte.