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Um assessor do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, confirmou neste domingo (2) que Israel aceitou os termos gerais de um acordo para interromper a guerra na Faixa de Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times, o assessor de Relações Exteriores de Netanyahu, Ophir Falk, afirmou que, embora a proposta de Biden não seja considerada ideal por Israel, o país decidiu aceitá-la para conseguir a libertação de todos os reféns.
Falk ressaltou que ainda há muitos detalhes a serem resolvidos e que Israel mantém suas exigências de libertação dos reféns e de destruição do Hamas como organização terrorista. Ele reforçou que não haverá um cessar-fogo permanente até que todos os objetivos de Israel sejam atingidos.
A proposta de Biden, anunciada na última sexta-feira (31), inclui três fases para encerrar a guerra. Na primeira fase, haveria um cessar-fogo completo de seis semanas, com a retirada das tropas israelenses das áreas habitadas de Gaza e a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos. Além disso, 600 caminhões de ajuda humanitária seriam enviados diariamente para Gaza.
Na segunda fase, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para a guerra, com o cessar-fogo mantido durante as negociações. Este ponto vai contra a posição de Netanyahu e de seu gabinete de guerra, que desde o início do conflito têm insistido na destruição completa do Hamas e no fim de seu controle sobre Gaza.
Logo após o discurso de Biden, o gabinete de Netanyahu afirmou em uma publicação na rede social X que a proposta permite que Israel continue a guerra até atingir todos os seus objetivos, incluindo a destruição das capacidades governamentais e militares do Hamas, o que aparenta contrariar os termos divulgados por Biden.
A terceira fase da proposta consiste em um plano de reconstrução do território palestino. Segundo a Casa Branca, o plano já foi entregue ao Hamas pelo Qatar, que considerou a proposta de forma positiva.
Nos últimos meses, diversas propostas de cessar-fogo mediadas pelos EUA, Qatar e Egito não tiveram sucesso. Em fevereiro, Biden afirmou que Israel havia concordado com uma pausa nos ataques durante o mês do Ramadã, mas os bombardeios em Gaza continuaram.
Biden declarou que as negociações conduziriam a um “dia seguinte” para Gaza sem o Hamas no poder, mas não está claro como isso seria alcançado. Após meses de bombardeios e mais de 36 mil palestinos mortos, o Hamas continua a demonstrar coesão e capacidade de agir.
O Hamas foi responsável pelos ataques contra Israel em 7 de outubro, que resultaram em 1.200 mortos e iniciaram o conflito atual.
O governo Netanyahu, apoiado pela coalizão mais à direita da história do país, enfrenta pressão de partidos extremistas, que ameaçam deixar o governo se um acordo que “poupe o Hamas” for aceito.
No domingo, o Qatar condenou a decisão do parlamento israelense de iniciar a tramitação de uma lei que classifica a agência da ONU para Refugiados Palestinos, a UNRWA, como uma organização terrorista. Israel acusou a agência de ter ligações com o Hamas e com os ataques de 7 de outubro, o que levou vários países ocidentais a suspender seu financiamento à agência. Em abril, uma investigação independente concluiu que Israel não apresentou provas para sustentar a acusação.