Na segunda-feira, o Dr. Anthony Fauci retornou aos corredores do Congresso e testemunhou perante o subcomitê da Câmara dos Representantes encarregado de investigar a pandemia de Covid-19. Ele foi interrogado sobre vários temas relacionados à gestão governamental da Covid-19, incluindo o apoio dado pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, que ele dirigiu até sua aposentadoria em 2022, a pesquisas arriscadas sobre o vírus em um instituto chinês cujas investigações poderiam ter causado a pandemia.
Durante mais de quatro anos, a política partidária irresponsável tem atrapalhado a busca pela verdade sobre uma catástrofe que afetou a todos nós. Estima-se que pelo menos 25 milhões de pessoas tenham morrido em todo o mundo devido ao Covid-19, mais de um milhão delas nos Estados Unidos.
Embora o debate sobre a origem da pandemia tenha sido acalorado, há cada vez mais evidências – obtidas de registros públicos divulgados sob a Lei de Liberdade de Informação, pesquisas digitais em bancos de dados online, artigos científicos que analisam o vírus e sua propagação, e vazamentos do governo dos Estados Unidos – sugerindo que é altamente provável que a pandemia tenha ocorrido devido a um vazamento de um laboratório de pesquisa em Wuhan, China. Se for esse o caso, seria o acidente mais caro na história da ciência.
Aqui está o que sabemos até agora:
1. O vírus semelhante ao SARS que causou a pandemia surgiu em Wuhan, a cidade onde está localizado o laboratório de pesquisa de vírus semelhantes ao SARS mais importante do mundo. Shi Zhengli em um laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan. A pesquisadora era conhecida como “mulher morcego” por seus estudos sobre coronavírus nesses animais.
No Instituto de Virologia de Wuhan, uma equipe de cientistas liderada por Shi Zhengli passou mais de uma década procurando por vírus semelhantes ao SARS. Suas pesquisas demonstraram que os vírus mais parecidos com o SARS-CoV-2, o vírus que causou a pandemia, circulam em morcegos que vivem cerca de 1.000 quilômetros de distância de Wuhan. Os cientistas do grupo do Dr. Shi viajaram repetidamente para a província de Yunnan para coletar esses vírus e expandiram sua busca para o sudeste asiático. Em outras partes da China, não foram encontrados morcegos portadores de vírus tão intimamente relacionados ao SARS-CoV-2.
Mesmo nos pontos quentes onde esses vírus existem naturalmente, perto de morcegos cavernícolas do sudoeste da China e do sudeste asiático, os cientistas sustentavam, até tão recentemente quanto 2019, que a transmissão de coronavírus de morcego para humano era rara.
Quando o surto de Covid-19 foi detectado, a Dra. Shi inicialmente se perguntou se o novo coronavírus havia saído de seu laboratório e disse que nunca esperava que um surto assim ocorresse em Wuhan.
O vírus SARS-CoV-2 é excepcionalmente contagioso e pode saltar de uma espécie para outra como um rastro de pólvora. No entanto, não deixou rastro conhecido de infecção em sua origem ou em qualquer outro lugar ao longo do que teria sido uma jornada de mil milhas antes de aparecer em Wuhan.
2. No ano anterior ao surto, o instituto de Wuhan, em colaboração com parceiros americanos, propôs criar vírus com a característica definidora do SARS-CoV-2. O grupo do Dr. Shi estava fascinado com a forma como os coronavírus saltam de espécie em espécie.
Para encontrar os vírus, eles coletaram amostras de morcegos e outros animais, bem como de pessoas doentes que viviam perto de animais portadores desses vírus ou associados ao comércio de vida selvagem. Grande parte desse trabalho foi realizado em colaboração com a EcoHealth Alliance, uma organização científica americana que, desde 2002, recebeu mais de US$ 80 milhões em financiamento federal para pesquisar os riscos de doenças infecciosas emergentes.
O laboratório realizou pesquisas arriscadas que resultaram em vírus cada vez mais infecciosos: coronavírus foram cultivados a partir de amostras de animais infectados e reconstruídos e recombinados geneticamente para criar novos vírus desconhecidos na natureza. Esses novos vírus passaram por células de morcegos, porcos, primatas e humanos, e foram usados para infectar civetas e camundongos humanizados (camundongos modificados com genes humanos). Em essência, esse processo forçou esses vírus a se adaptarem a novas espécies hospedeiras, e os vírus com mutações que lhes permitiram prosperar emergiram como vencedores.
Em 2019, o grupo do Dr. Shi havia publicado um banco de dados que descrevia mais de 22.000 amostras de vida selvagem coletadas. Mas o acesso externo foi fechado no outono de 2019, e o banco de dados não foi compartilhado com os colaboradores americanos, mesmo depois que a pandemia começou, quando uma coleção tão rica de vírus teria sido mais útil para rastrear a origem do SARS-CoV-2. Não está claro se o instituto de Wuhan possuía um precursor do vírus pandêmico.
Em 2021, o The Intercept publicou uma proposta de concessão vazada de 2018 para um projeto de pesquisa chamado Defuse, que havia sido escrito como uma colaboração entre a EcoHealth, o instituto de Wuhan e Ralph Baric na Universidade da Carolina do Norte, que esteve na vanguarda da pesquisa sobre coronavírus por anos. A proposta descrevia planos para criar vírus surpreendentemente semelhantes ao SARS-CoV-2.
