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O presidente Biden desistiu da corrida presidencial de 2024, um final surpreendente para uma carreira política de 50 anos que culminou com a pressão dos colegas democratas para que ele encerrasse sua candidatura à reeleição, a qual nunca se recuperou totalmente de uma performance desastrosa no debate de 27 de junho. (Leia aqui a íntegra da carta de Biden anunciando sua desistência da candidatura à reeleição).
Biden, de 81 anos, anunciou no domingo que não buscará mais outros quatro anos no cargo após sua acuidade física e mental terem sido questionadas durante um debate transmitido ao vivo, no qual ele lutava para concluir frases, demonstrava expressões confusas e hesitava em suas respostas.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora fosse minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente até o final do meu mandato,” escreveu Biden em uma carta publicada nas redes sociais.
O presidente disse que se dirigirá à nação ainda esta semana sobre sua decisão. Ele não endossou imediatamente a vice-presidente Harris ou qualquer outro candidato para ser o nomeado do partido em novembro.
“Por agora, deixem-me expressar minha mais profunda gratidão a todos que trabalharam tanto para me reeleger,” escreveu Biden. “Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E deixem-me expressar minha sincera apreciação ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.”
Biden resistiu por semanas à crescente pressão do seu partido, prometendo permanecer na corrida com tanta determinação que, em um momento, ele sugeriu que apenas “o Senhor Todo-Poderoso” poderia convencê-lo do contrário.
— Joe Biden (@JoeBiden) July 21, 2024
No entanto, o número de democratas pedindo sua retirada aumentou na última semana, tanto publicamente quanto em privado. Mais de 30 legisladores democratas pediram a Biden que desistisse como candidato e passasse o bastão para outro nome, argumentando que ele não poderia vencer em novembro e corria o risco de prejudicar as chances do partido nas demais eleições.
Privadamente, a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi (D-Calif.), o líder da maioria no Senado Chuck Schumer (D-N.Y.) e o líder da minoria na Câmara Hakeem Jeffries (D-N.Y.) disseram de forma direta a Biden sobre suas preocupações quanto às suas chances em novembro contra o ex-presidente Trump.
O presidente reconheceu várias vezes após o debate de junho que teve uma noite ruim, com seus assessores alegando que ele estava resfriado. Ele havia acabado de retornar de uma viagem ao exterior, o que foi culpado por sua doença, apesar de ter ficado fora dos holofotes enquanto permanecia em Camp David por quase uma semana antes do confronto com Trump.
A campanha de Biden havia pressionado por uma data de debate antecipada, acreditando que isso poderia mudar as pesquisas, mas isso não aconteceu.
Enquanto isso, Trump encontrou um novo ânimo ao conquistar vitórias legais e políticas significativas recentemente, especialmente após uma tentativa de assassinato que reforçou o apoio dos republicanos à sua campanha, pouco antes do que acabou sendo uma coroação jubilosa e unificada na Convenção Nacional Republicana.
Os republicanos em Milwaukee para a convenção na semana passada estavam confiantes em suas chances contra qualquer candidato, mas reconheceram que sua preferência era enfrentar Biden, que eles viam como um adversário enfraquecido sob ataque de membros de seu próprio partido.
Alguns parlamentares republicanos e oficiais da campanha de Trump já anteciparam como responderão à notícia: tentando semear caos e discórdia entre os democratas.
Alguns republicanos indicaram que poderiam buscar desafios legais se os democratas tentarem retirar Biden da urna, embora não exista uma lei que impeça mudanças antes dos prazos de registro.
