A ex-primeira-dama da Argentina, Fabiola Yañez, fornecerá uma declaração crucial nesta terça-feira (13) durante uma audiência virtual no consulado argentino em Madri. A audiência faz parte do processo penal em curso contra o ex-presidente Alberto Fernández por violência de gênero.
Em uma declaração escrita de 20 páginas à qual a RFI teve acesso, Yañez expõe uma série de abusos e violências que sofreu ao longo dos oito anos de relacionamento com Fernández. Ela detalha episódios de violência verbal, física, doméstica e institucional, além de constantes traições. Entre as alegações, Yañez menciona um incidente em que o ex-presidente, ao tentar silenciá-la, a agrediu fisicamente, resultando em um inchaço no olho direito que foi encoberto pelo médico presidencial.
A ex-primeira-dama, que vive na Espanha desde o fim do mandato de Fernández em dezembro passado, afirma que a violência que sofreu foi sistemática e teve consequências graves para sua saúde mental. Ela classifica as lesões como “graves” e solicita que sejam tratadas como “lesões graves, duplamente agravadas pelo vínculo e cometidas no contexto de violência de gênero com abuso de poder e autoridade”. Além disso, Yañez denuncia um “terrorismo psicológico” através de assédio telefônico e mensagens intimidatórias.
Em sua declaração, Fabiola Yañez também revela episódios de “violência reprodutiva”, incluindo um episódio em que Fernández teria tentado forçá-la a abortar por não estar “pronto” para ser pai. Ela descreve como esse comportamento e outras formas de controle e abuso psicológico resultaram em traumas profundos e em tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
Yañez lembra que o assédio psicológico começou antes mesmo da convivência com Fernández, durante um namoro que começou há mais de 14 anos. Ela relata como foi monitorada constantemente por ele, impedida de manter uma vida social normal, e como, apesar de seu desejo de formar uma família, enfrentou desprezo e rejeição por parte do ex-presidente.
