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A Alternativa para a Alemanha (AfD) foi o partido mais votado nas eleições regionais de Turingia realizadas neste domingo, segundo as pesquisas. Com isso, a AfD se tornou o primeiro partido de direita nacionalista a vencer uma eleição na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
No entanto, as chances de a AfD formar um governo são remotas, a menos que algum partido rompa o isolamento imposto à legenda. Embora o isolamento tenha sido quebrado em algumas ocasiões em votações específicas, é pouco provável que leve à eleição do líder de direita nacionalista, Björn Höcke.
O partido conservador CDU, segundo o secretário-geral Carsten Linnemann, não entrará em coalizão com a AfD. “Os eleitores sabem que não formamos coalizão com a AfD”, declarou Linnemann à ZDF. Em Turingia, a AfD lidera as pesquisas de boca de urna, enquanto a CDU está em segundo lugar. Já em Saxônia, a CDU está à frente em uma corrida apertada pelo primeiro lugar.
Segundo as pesquisas realizadas após o fechamento das urnas, a AfD obteve pouco mais de 30% dos votos, enquanto a CDU ficou com cerca de 24%. O partido A Esquerda, do até então primeiro-ministro Bodo Ramelow, obteve apenas 12%, quando cinco anos atrás havia conquistado 31%.
Ramelow afirmou que, diante dos resultados, o candidato da CDU, Mario Voigt, deveria iniciar conversas para formar um governo. Voigt, por sua vez, disse que conversará primeiro com o Partido Social-Democrata (SPD), embora para formar um governo provavelmente também precisará da Liga Sarah Wagenknecht, um partido surgido de uma dissidência de A Esquerda, que adota posições conservadoras em temas como imigração e progressistas em assuntos sociais.
Sancionando o governo de Scholz
Tanto a AfD quanto o BSW atraíram eleitores com seu discurso contundente contra a imigração e sua posição de cessar o fornecimento de armas à Ucrânia, uma postura muito popular nas regiões que pertenciam à antiga República Democrática Alemã (RDA) e onde o medo da guerra ainda é profundo.
Os primeiros resultados também representam um duro golpe para o governo de coalizão do chanceler Olaf Scholz com os Verdes e os liberais do FDP, a um ano das eleições legislativas de 2025. O SPD, partido do chanceler, já bastante impopular em seu mandato anterior, obteve entre 6,5% e 8,5%.
Os Verdes saem do Parlamento de Turingia, e os liberais do FDP não estariam representados em nenhuma das assembleias regionais. Estes estados, que possuem importantes prerrogativas em matéria de educação e segurança no sistema alemão, poderão ser governados por amplas alianças heterogêneas que juntem direita e esquerda.
Os líderes da AfD tentaram se aproveitar da indignação gerada pelo ataque de Solingen e acusaram os sucessivos governos federais de terem causado o “caos”. O suposto agressor, suspeito de ter ligações com o ISIS, havia evitado uma decisão de expulsão. Sob pressão, o governo de Olaf Scholz anunciou o endurecimento das regras para porte de armas e controle da imigração.
Mudanças drásticas
“Devem haver mudanças drásticas” no campo da imigração e “isso seria possível com a AfD”, afirmou Jörg, um eleitor do partido de direita nacionalista que não quis revelar o sobrenome. Este trabalhador da indústria alimentícia, de 54 anos, em Ilmenau, Turingia, disse estar a favor de mais expulsões de criminosos estrangeiros.
A AfD, inicialmente eurocética quando foi fundada em 2013, radicalizou-se após a grande crise migratória de 2015, a pandemia de COVID-19 e a guerra russa na Ucrânia, que enfraqueceu a maior economia da Europa. O partido obteve vários sucessos eleitorais nos últimos meses e alcançou o melhor resultado de sua história nas eleições europeias de 9 de junho.
A ex-RDA se mostrou um terreno fértil para a AfD, principalmente devido às desigualdades que persistem desde a reunificação do país em 1990. A profunda crise demográfica também influencia, apesar da melhoria da situação econômica.
(Com informações da EFE e AFP)