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O cirurgião geral dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy, abriu um novo debate sobre os riscos associados ao consumo de álcool ao propor atualizações nas etiquetas das bebidas alcoólicas para incluir advertências sobre o risco de câncer. Segundo diversos relatórios públicos, essa atualização visa refletir as descobertas científicas mais recentes, que mostram um vínculo direto entre o consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, e pelo menos sete tipos de câncer. Entre eles estão os cânceres de mama, colorretal, de esôfago, de boca e de fígado. “O consumo de qualquer tipo de álcool aumenta o risco de pelo menos sete tipos de câncer”, declarou Murthy em um comunicado.
De acordo com informações publicadas pela ABC, o consumo de álcool é a terceira causa evitável de câncer nos Estados Unidos, ficando atrás apenas do tabaco e da obesidade. Além disso, estimativas apontam que esse hábito contribui para cerca de 100.000 casos de câncer anuais e provoca aproximadamente 20.000 mortes por ano no país, dados também destacados pelo Dr. Murthy. O funcionário ressaltou que a maioria dos americanos não está ciente desses riscos, uma vez que menos de 50% dos adultos entendem a relação entre o álcool e a probabilidade de desenvolver câncer.
Uma das principais recomendações de Murthy, conforme relatado pelo The Washington Post, é que apenas o Congresso dos EUA pode aprovar uma mudança nas etiquetas atuais das bebidas alcoólicas. Estas etiquetas, em vigor desde 1988, alertam apenas sobre os riscos associados ao consumo durante a gravidez ou ao dirigir veículos. “É necessário incluir advertências claras que detalhem o risco de desenvolver câncer de mama ou câncer de garganta, mesmo com um consumo moderado”, expressou Murthy em declarações ao jornal. Apesar dessa sugestão, o The New York Times enfatiza que é incerto se essa iniciativa contará com o apoio da administração federal entrante.
Alguns estudos recentes, citados tanto pelo The New York Times quanto pela CNBC, revelam que o risco associado a certos tipos de câncer pode aparecer com o consumo de menos de uma bebida alcoólica por dia. Essas análises também destacam que o consumo recorrente de álcool, mesmo dentro das recomendações atuais de moderação, pode aumentar significativamente as chances de desenvolver câncer. Segundo Murthy, “os dados não apoiam a ideia de que beber dentro dos limites atuais é completamente seguro para o risco de câncer”, conforme citado pelo The New York Times.
Outro aspecto destacado pelo cirurgião geral inclui os mecanismos biológicos do álcool como fator cancerígeno, tema amplamente analisado pela mídia. O The New York Times e a ABC concordam que o álcool, ao se decompor, se transforma em acetaldeído, uma substância química que danifica o DNA celular e pode desencadear o crescimento descontrolado de tumores malignos. Além disso, o álcool gera estresse oxidativo, inflamação e desequilíbrios hormonais, o que aumenta ainda mais o risco de desenvolver câncer de mama.
Em termos de impacto global, a CNBC destacou dados de um estudo que envolveu 195 países, no qual foram detectados cerca de 741.300 casos de câncer relacionados ao consumo de álcool em 2020. Também foi informado que essas mortes relacionadas tendem a provocar uma redução de até 15 anos na expectativa de vida. Além disso, cada vez mais jovens nos Estados Unidos optam por alternativas sem álcool, com 66% dos adultos entre 18 e 34 anos percebendo que o consumo de bebidas alcoólicas afeta negativamente sua saúde.
Paralelamente à mensagem de Murthy, o debate científico sobre o consumo “moderado” permanece ativo. Embora durante anos tenha se argumentado que doses leves de álcool — como uma taça de vinho por dia — poderiam beneficiar o sistema cardiovascular, vários estudos recentes rejeitam essa ideia. Segundo o The New York Times, até mesmo as últimas diretrizes federais de dieta reconhecem que o consumo moderado de álcool pode aumentar o risco geral de mortalidade devido a diversas causas, incluindo câncer e doenças cardiovasculares como a fibrilação atrial.
Finalmente, as propostas do Dr. Murthy geraram certa resistência por parte da indústria de bebidas alcoólicas. De acordo com o The New York Times, essa indústria historicamente pressionou para bloquear mudanças que associem o álcool ao câncer, argumento respaldado também por disputas em instâncias legais internacionais. No entanto, países como a Irlanda planejam implementar em 2026 etiquetas que alertem sobre a relação direta entre o álcool e os cânceres fatais, estabelecendo um precedente que pode inspirar ações similares em outras nações, incluindo os Estados Unidos.
