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O regime do Irã inaugurou neste sábado uma base subterrânea de mísseis navais em um local não revelado do Golfo, segundo a televisão estatal, dois dias antes do início do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
A inauguração aconteceu em um momento de expectativa de aumento das tensões com Washington. Os líderes iranianos temem que Trump autorize o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a atacar suas instalações nucleares, enquanto endurece as sanções americanas contra a indústria petrolífera iraniana por meio de sua política de “máxima pressão”.
A televisão estatal iraniana exibiu imagens do chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami, visitando a base secreta. Ele afirmou que essa era uma das várias bases subterrâneas construídas para o lançamento de mísseis de longo alcance e para a condução de uma guerra à distância.
A transmissão indicou que a base foi construída a 500 metros de profundidade em algum local do Golfo, mostrando túneis com longas filas do que seriam novas versões de lanchas rápidas evasoras de radar da classe Taregh, capazes de lançar mísseis de cruzeiro.
Segundo o relatório da televisão estatal, “alguns desses navios” seriam “capazes de atingir embarcações de guerra e destróieres americanos”.
No início deste mês, o regime persa iniciou manobras militares de dois meses, que incluíram jogos de guerra nos quais a Guarda Revolucionária do Irã defendeu as instalações nucleares de Natanz contra ataques simulados com mísseis e drones.
No fim de semana passado, o regime iraniano já havia apresentado uma instalação subterrânea de armazenamento de mísseis e alertado que está fabricando “novos mísseis especiais” em meio às tensões com Israel e os Estados Unidos.
De acordo com o relatório televisivo, nesta instalação estão armazenados “dezenas de mísseis de diferentes tipos”. O comandante da Divisão Aeroespacial da força de elite iraniana, general de brigada Amir Ali Hajizade, descreveu a base nas montanhas como um “vulcão inativo”.
A agência Mehr informou que parte das ações das duas operações denominadas ‘Promessa Verdadeira’ contra Israel, realizadas em abril e outubro de 2024, foi executada a partir desta base de mísseis.
Acordo com a Rússia
Por outro lado, o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram na sexta-feira em Moscou um acordo de parceria estratégica, que reforça especialmente a “cooperação militar” e que o Kremlin classificou como um contrapeso aos “ditames” do Ocidente.
O acordo prevê, entre outras coisas, apoio mútuo diante de “ameaças à segurança”, segundo o conteúdo do documento de 47 artigos publicado pelo Kremlin após a assinatura. De acordo com o texto, se a Rússia ou o Irã enfrentarem uma “agressão”, o outro país não fornecerá “ajuda” ao agressor. No entanto, esse ponto não contempla a assistência militar entre os países signatários em tal situação.
Após a assinatura do documento, Putin celebrou que o acordo tem “objetivos ambiciosos” e destacou que os dois países estão “unidos” para levar sua relação “a um novo nível”.
Rússia e Irã se apresentam como contrapesos, junto com China e Coreia do Norte, à influência dos Estados Unidos. Os dois países têm estreitado laços, especialmente militares, e se apoiam em diversos assuntos internacionais, desde o Oriente Médio até o conflito na Ucrânia.
A embaixada iraniana na Rússia declarou que o pacto aborda “a cooperação econômica e comercial nos setores de energia, meio ambiente e questões relacionadas à defesa e à segurança”. O chanceler iraniano, Abbas Araqui, afirmou: “É um passo rumo à criação de um mundo mais justo e equilibrado. Irã e Rússia, conscientes de sua responsabilidade histórica, estão construindo uma nova ordem”.
(Com informações da AFP e Reuters)
