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O enviado especial do ex-presidente Donald Trump, Steve Witkoff, afirmou nesta segunda-feira (15) que o presidente russo Vladimir Putin demonstrou interesse em alcançar uma “paz permanente” na Ucrânia. A declaração foi dada após uma reunião de quase cinco horas realizada na semana passada em São Petersburgo.
Segundo Witkoff, o encontro foi “convincente” e abordou os passos necessários para encerrar a guerra, além de possíveis oportunidades comerciais entre Estados Unidos e Rússia.
Em entrevista à Fox News, Witkoff revelou que um dos principais pontos das negociações gira em torno de cinco territórios controlados pela Rússia desde 2014. Ele evitou dar detalhes, mas destacou que Moscou exige o reconhecimento da soberania sobre a Crimeia, Donetsk, Luhansk e outras áreas ocupadas.
Também foram discutidos temas relacionados à OTAN, especialmente o princípio de defesa coletiva que rege a aliança, segundo o enviado americano.
“Este acordo de paz não se trata apenas dos cinco territórios, embora eles sejam fundamentais. Há muito mais em jogo”, declarou.
Witkoff acrescentou que vê uma “possibilidade real” de reconfigurar as relações entre Washington e Moscou por meio de acordos econômicos que, segundo ele, poderiam trazer “estabilidade à região”.
As declarações acontecem enquanto a Rússia intensifica sua ofensiva militar na Ucrânia. No domingo (14), dois mísseis Iskander-M atingiram a cidade de Sumy, matando ao menos 35 pessoas, incluindo duas crianças, e deixando dezenas de feridos. O ataque, um dos mais letais desde o início da invasão em 2022, destruiu parte de uma universidade e áreas residenciais.
Moradores depositaram flores entre os escombros, que se transformaram em um memorial improvisado. “Estamos em choque, sem entender, e provavelmente com ódio”, disse Tetyana Koloshchuk, presente no local ao lado do marido.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky classificou o bombardeio como um “ato de barbárie”. França e Alemanha também condenaram o ataque, chamando-o de crime de guerra.
O presidente designado da Alemanha, Friedrich Merz, manifestou a intenção de fornecer mísseis Taurus à Ucrânia — uma posição criticada pelo Kremlin, que alertou para uma possível escalada do conflito.
O Ministério da Defesa da Rússia reconheceu o ataque, mas afirmou que o alvo era uma “reunião de comandantes ucranianos”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou que o exército russo “ataca apenas alvos militares” e voltou a acusar Kiev de usar civis como “escudos humanos” — uma narrativa recorrente desde o início da guerra.
Falando em Washington, Trump classificou o ataque como um “erro” e algo “horrível”, mas também responsabilizou Zelensky e o ex-presidente Joe Biden pelo conflito.
“Putin é o número um, mas também Biden, que não sabia o que estava fazendo, e Zelensky”, disse Trump durante um encontro com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
O ex-presidente questionou o início da guerra por parte da Ucrânia, sugerindo que Kiev agiu de forma imprudente. “Quando você inicia uma guerra, tem que saber que pode vencê-la. Você não começa uma guerra contra alguém vinte vezes maior esperando receber mísseis”, afirmou. Ele também acusou Zelensky de estar “sempre tentando comprar mísseis”.
Por outro lado, autoridades ucranianas sustentam que a recusa de Putin em aceitar um cessar-fogo proposto por Kiev e Washington mostra que o Kremlin não tem intenção de encerrar a invasão. Ainda assim, representantes da Ucrânia relataram avanços em negociações com os EUA para um acordo de cooperação em minerais estratégicos, classificadas como “construtivas”.
Enquanto isso, novos bombardeios russos mataram quatro pessoas na região de Kharkiv. Já Moscou relatou três mortos em ataques ucranianos com drones na região fronteiriça de Kursk. O conflito, que já ultrapassa três anos, segue sem uma solução concreta, apesar dos esforços diplomáticos em andamento.
(Com informações da AFP e Bloomberg)
