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A Polícia Federal (PF) concluiu que funcionários de bancos foram cooptados para alterar documentos e garantir a continuidade de fraudes na Americanas. A informação consta no relatório que serviu de base para a Operação Disclosure, deflagrada na quinta-feira (27/6).A revelação foi feita pelo portal Metrópoles nesta terça-feira (2).
De acordo com a PF, a participação dos funcionários dos bancos se deu nas operações de “risco sacado”, comuns no mercado. Nestas operações, um banco assume a dívida de uma empresa com fornecedores. No caso da Americanas, as instituições financeiras deveriam informar essas operações ao Banco Central (BC) e identificá-las nas cartas de circularização enviadas para auditorias externas.
No entanto, as investigações indicam que os dados sobre as operações de risco sacado não eram devidamente expostos no balanço da Americanas. Além disso, ex-executivos da varejista teriam convencido funcionários dos bancos a omiti-las das cartas de circularização.
O relatório da PF cita mensagens entre ex-diretores da Americanas discutindo a retirada dos valores de risco sacado das cartas de circularização do Itaú e do Santander, em 2016. O documento afirma que “tais operações não constavam oficialmente nos balanços, que eram fraudados, com valores irreais, as cartas de circularização não podiam mencionar tais operações, sob pena de serem identificadas pelas auditorias”.
As investigações da PF têm por base a colaboração premiada de dois ex-executivos da Americanas: Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro, e Flavia Mota, ex-superintendente de Controladoria da empresa.
Os bancos se defendem
“O Itaú Unibanco nega qualquer participação, direta ou indireta, na fraude contábil que a Americanas sofreu. O banco sempre prestou às auditorias e aos reguladores informações corretas e completas sobre as operações contratadas pela empresa, conforme legislação vigente e melhores práticas de mercado. Conforme já esclarecido, os informes enviados às auditorias sempre alertavam para a existência das operações de risco sacado. Os diretores da Americanas envolvidos na operação interagiram com representantes do Itaú no sentido de retirar os alertas. O banco nunca concordou com esse pedido e inclusive interrompeu, por mais de 6 meses, as operações de risco sacado. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é de responsabilidade única e exclusiva da administração da empresa e repudia qualquer tentativa de responsabilização de terceiros por falhas ou fraudes nessas demonstrações.”
Santander:
“O Santander repudia veementemente qualquer insinuação contrária à lisura de sua relação com a Americanas, eventualmente feita por pessoas responsáveis pelas irregularidades ocorridas em sua administração e das quais o banco também é vítima. A instituição sempre informou integralmente os saldos das operações da Americanas no Sistema Central de Risco do Banco Central, que constitui uma entre as possíveis fontes de auditagem, além das cartas de circularização. Fato relevante publicado pela própria empresa em 13 de junho de 2023 relata que ‘as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas’. Ou seja, o documento comprova que a responsabilidade pelas ‘inconsistências contábeis’ é exclusiva da empresa, por intermédio de sua antiga diretoria.”