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Nesta quarta-feira (07), o ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, disse, em depoimento no Tribunal Especial Misto — que julga pedido de impeachment de Wilson Witzel (PSC) — que avisou o governador afastado do Rio sobre um suposto esquema de corrupção na saúde comandado por Pastor Everaldo (PSC).
O ex-secretário relatou que Everaldo e o empresário Edson Torres mantinham grande influência na pasta e montaram um caixa único de propina na Saúde.
De acordo com Edmar, Witzel foi alertado e não tomou providências. “Disse que o grupo do Pastor Everaldo e do Edson Torres estavam passando dos limites e comprometendo o funcionamento dos hospitais”, disse o ex-secretário. Em um momento tenso, Witzel — que acompanhou o depoimento — questionou: “E qual foi a resposta que eu te dei?”. Edmar respondeu: “O senhor disse que ia conversar com o Pastor Everaldo”.
Witzel então se exaltou e tentou rebater a afirmação, mas acabou repreendido pelo presidente do Tribunal Misto, Henrique Figueira.
Everaldo já foi convocado pelo Tribunal Misto em dezembro, quando pediu clemência, chorou e disse não ter condições de prestar depoimento. O ex-presidente do PSC só respondeu a uma pergunta. Quando perguntado se confirmava informação que consta na delação de Edmar, de que ele teria recebido R$ 15 mil das mãos de Witzel, Everaldo negou: “Nunca recebi R$ 15 mil ou qualquer dinheiro do governador Witzel”.
Em outro momento, Edmar Santos disse que avisou ao governador afastado dos riscos que ele corria ao requalificar a organização social Unir Saúde, peça-chave do processo de impeachment.
“O senhor [Witzel] me pediu para requalificar a Unir, e eu disse ao senhor que seria equivocado, que seria batom na sua cueca”, disse ele.
A Unir havia sido desqualificada para firmar contratos com o governo depois de análises técnicas do Estado. De acordo com o ex-secretário estadual, Witzel lhe avisou que a requalificaria “de canetada”.
O empresário Mário Peixoto, envolvido nos esquemas de corrupção, seria o sócio oculto da Unir, segundo as investigações.
Edmar também falou sobre a outra organização social citada na denúncia, a Iabas, contratada para administrar os hospitais de campanha do RJ durante a pandemia.
Segundo o ex-secretário, a opção por construir novas unidades, em vez de priorizar leitos em hospitais já existentes, foi uma decisão política do governador.
“A ideia de hospital de campanha foi sua e da primeira-dama, surgiu num almoço, porque o [João] Doria estava fazendo em São Paulo e o senhor também queria politicamente ter um”, alegou.