Política

PGR denuncia ao STF deputado federal do PSL por forjar o próprio atentado

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) por comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.

Loester é acusado de ter forjado o próprio atentado a bala. O caso começou a ser investigado no ano passado, quando o deputado afirmou que foi vítima de uma “emboscada” na rodovia BR-060, entre Sidrolândia (MS) e Campo Grande (MS). O carro que era dirigido por um assessor foi atingido por tiros nos vidros traseiros e na lateral.

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O próprio parlamentar postou imagens do veículo nas redes sociais e se dirigiu à Superintendência da Polícia Federal (PF), onde formalizaram a denúncia de suposta tentativa de homicídio.

Mas, de vítima, o parlamentar passou a investigado. Segundo a Polícia Federal, o atentado não ocorreu, portanto, não houve crime.

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Em nota, Loester Trutis nega ter forjado o atentado e afirma estar sendo “vítima de um refinado conluio de autoridades locais, que induziram o PGR e a ministra a erro”.

O parlamentar diz esperar que as provas apresentadas por ele sejam analisadas fora do Mato Grosso do Sul e que os “atos ilícitos dessa investigação sejam finalmente demonstrados”.

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O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, afirmou que a narrativa do deputado é “falsa” e denunciou o parlamentar ao STF. “O que de fato ocorreu foi uma verdadeira simulação de tentativa de homicídio, na qual o parlamentar (A) e seu assessor (B), portando irregularmente arma de fogo de uso permitido, efetuaram disparos em via pública (estrada vicinal adjacente à Rodovia BR, 060) contra o veículo”, afirmou Jacques.

Segundo Medeiros, “ambos tiveram protagonismo na empreitada criminosa e concorreram igualmente para a prática dos delitos”.

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A PGR afirmou que Loester tentou explorar politicamente o fato, uma vez que fez diversas postagens relacionamento o falso atentado com a bandeira do armamento.

“Assim, considerando que o porte de arma é uma pauta política defendida intensamente pelo deputado Loester Trutis; o parlamentar, ao noticiar o episódio, atribui ao porte de arma a ausência de lesões e, até mesmo, o escape da “morte”; e, ainda, ele aduz ter sido “vítima’ em razão de embates políticos no Estado de representação, vislumbra-se a conexão dos fatos apurados com a atividade parlamentar”, escreveu.

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Agora, o STF vai analisar a denúncia. Se a acusação for recebida, o deputado passa a ser réu. Não há prazo para isso.

Em manifestação de junho deste ano, o deputado disse que o inquérito tem motivação política. “A investigação é cheia de erros grosseiros o que leva a acreditar que também há interesse em proteção do verdadeiro culpado”, alegou Trutis.

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A PF apontou ao STF:

  • “Não se verificou a existência de qualquer veículo automotor que pudesse estar realizando o acompanhamento do deputado federal e seu assessor, muito embora diversas imagens de câmeras de segurança, durante todo o percurso realizado, tenham sido analisadas”;
  • “O veículo descrito pelo deputado Loester como autor dos disparos, foi exaustivamente procurado e não foi localizado”;
  • “Tanto o deputado federal quanto seu assessor, Ciro Fidelis, faltaram como a verdade durante os seus depoimentos. Deixaram de informar que saíram da rodovia BR 060 para duas estradas vicinais, onde inclusive chegaram a parar e desligar a ignição do veículo, tal como se pode verificar da análise dos dados do rastreador do veículo”;
  • “Em uma dessas estradas vicinais onde se verificou que o veículo em que os citados estavam, parou e desligou a ignição. Foram encontradas 6 cápsulas/estojos de munição calibre 9mm, que foram provavelmente disparadas por uma pistola da marca Glock, além de um pequeno fragmento de vidro, que pode ser do carro”;
  • “Conforme se observa do laudo pericial, bem com das declarações de Loester, seria extremamente improvável que o parlamentar, na posição em que se encontrava no interior do veículo, não teria sido atingido por um dos disparos efetuados”;
  • “Não seria possível que um dos disparos que atingiram o veículo ocupado pelo Deputado pudesse ser realizado por alguém que estivesse embarcado em outro veículo agressor, ou seja, o atirador deveria necessariamente estar desembarcado”

O relatório ainda relembra as três armas de fogo de uso restrito que foram apreendidas na residência do deputado federal, em novembro de 2020, sendo que todas elas estavam em nome de terceiros (duas pistolas no nome de Ciro Fidelis e um fuzil, no nome de Jovani Batista da Silva). Trutis chegou a ser preso, mas foi solto após habeas corpus.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo deputado Loester Trutis:

“Confio no poder da verdade. Sou vítima de um refinado conluio de autoridades locais, que induziram o PGR e a ministra a erro. Testemunhas essenciais não foram ouvidas, e provas foram destruídas ou manipuladas, como por exemplo o GPS do carro que eu ocupava, que foi formatado pela locadora. Ou mesmo o veículo alvejado, que não foi preservado pela polícia técnica, tendo sido devolvido à locadora, reformado e vendido. Em ambos os casos me foi cerceada qualquer possibilidade de proceder perícia complementar e independente. Tudo isso foi feito com a autorização da Polícia Federal do Mato Grosso do Sul, um verdadeiro absurdo jurídico.

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Desde o primeiro dia, meu mandato se pautou no combate ao crime organizado e no fortalecimento das Instituições de Segurança Pública que combatem quadrilhas que assolam o Estado do Mato Grosso do Sul há mais de 30 anos.

Por fim, espero ansiosamente que as provas possam ser analisadas fora do MS, e os atos ilícitos dessa investigação – que nunca teve o intuito de apontar o autor da tentativa de assassinato que sofri, e sim tenta promover um assassinato de reputação e da minha vida política – sejam finalmente demonstrados”.

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