Eleições 2022

Alvos da Lava Jato voltam às urnas após Judiciário anular condenações

Foto: Divulgação

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Após uma onda de anulações de sentenças e provas da Lava Jato pelo Judiciário e novos entendimentos sobre o alcance da operação, políticos que foram alvo de investigações por corrupção se reposicionam no cenário eleitoral. A informação é do jornal O Estadão.

Em outubro, o ex-presidiário Lula (PT), que chegou a ser condenado em três instâncias, não será o único a ter seu nome de volta às urnas.

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Movimentações partidárias podem reabilitar outros alvos recentes, como o ex-governador Beto Richa (PSDB-PR), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) e o ex-senador Gim Argello (sem partido). Todos chegaram a ser presos.

Até quem ainda cumpre pena ou está oficialmente inelegível se mantém no jogo político articulando candidaturas de aliados. É o caso, por exemplo, de Sérgio Cabral e Eduardo Cunha (PROS).

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O ex-governador do Rio e o ex-presidente da Câmara negociam legenda para seus filhos —Marco Antonio Cabral e Danielle Cunha, respectivamente— tentarem uma vaga na Câmara dos Deputados.

As movimentações são resultado direto de decisões do STF, como a que passou a não permitir prisão após condenação em 2ª instância e, principalmente, a que anulou sentenças da Lava Jato por considerar que a vara federal de Curitiba não era competente para julgar parte dos casos levantados pela operação.

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Além de Lula, outros políticos pretendem retornar à vida pública após anulação de condenações.

Henrique Eduardo Alves é um dos casos mais simbólicos. Condenado a 8 anos e 8 meses de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Sépsis, que mirou esquemas de corrupção na Caixa, ele ficou 328 dias preso entre 2017 e 2018. Ele está livre desde que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anulou a condenação por entender que a competência era da Justiça Eleitoral, e não da Justiça Federal em Brasília, que julgou o emedebista.

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Liberado para as urnas, Alves tem sido assediado por lideranças de PSB, Avante e Cidadania, que tentam convencê-lo a deixar o MDB e integrar seus quadros.

Provável vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) ainda responde a uma ação na Justiça Eleitoral por suposto recebimento de R$ 11 milhões em caixa dois da Odebrecht.

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Na última semana, a Justiça Eleitoral mandou arquivar, por “falta de provas”, outro caso que citava o ex-governador, uma investigação com base na delação de um executivo da Ecovias que relatou recebimento de R$ 3 milhões nas campanhas de 2010 e 2014.

No Paraná, quem tem se movimentado por uma candidatura a deputado federal é o ex-governador Beto Richa, que chegou a ser preso duas vezes em investigações sobre corrupção quando estava no cargo.

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Os processos contra ele somam R$ 42,5 milhões em supostas propinas relacionadas a contratos de concessões de rodovias. Reviravoltas nos casos, que não foram julgados, entretanto, podem favorecer o tucano.

Em fevereiro, o ministro Gilmar Mendes, do STF, mandou a investigação para a vara eleitoral por considerar que há suspeita de caixa dois.

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Presidente do PSDB no Estado, Richa admite que, em razão do peso de ser alvo da Lava Jato, uma vaga na Câmara é “mais fácil” de conquistar do que o governo ou o Senado. “Isso eu não posso deixar de reconhecer”, disse.

Após denúncias por corrupção e lavagem na Lava Jato, o ex-senador Romero Jucá (MDB) não conseguiu se eleger em 2018 e abriu uma empresa de lobby em Brasília.

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Nos últimos anos, no entanto, nenhuma ação contra o emedebista andou. Uma delas, por corrupção envolvendo empreiteiras, foi retirada da Justiça Federal do Paraná e enviada à Justiça Eleitoral. Outra, para Brasília. No STF, um processo foi rejeitado. As decisões viraram argumento para Jucá tentar voltar ao Senado.

Na Bahia, os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima, ambos do MDB, foram condenados por lavagem de dinheiro na ação relativa aos R$ 51 milhões em espécie encontrados em um apartamento em Salvador.

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Lúcio não chegou a ser preso, mas não se reelegeu para a Câmara em 2018. Neste ano, porém, após a anulação de parte da sentença pelo STF, tem conversado com outros partidos sobre a eleição estadual, na qualidade de presidente de honra do MDB baiano.

Ao Estadão, no entanto, disse que não pretende concorrer “nem a síndico de condomínio”.

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O ex-senador Gim Argello (sem partido) chegou a ser condenado a 19 anos de prisão por obstrução à Justiça, corrupção e lavagem de dinheiro, mas a sentença foi anulada em fevereiro.

Nas últimas semanas, Argello procurou representantes do União Brasil para buscar a filiação e uma eventual candidatura ao Senado, mas caciques do partido têm resistido a seu nome para a disputa no DF, como quer o ex-senador.

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Levantamento divulgado pelo Estadão em dezembro do ano passado mostrou que condenações da Lava Jato e de operações correlatas cujas penas somavam 277 anos e 9 meses de cadeia foram anuladas pelos tribunais superiores.

Desse total, 78 anos e 8 meses se referiam a penas aplicadas a agentes políticos.

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